Batalha de Ourique

Neste artigo, dedicado a Batalha de Ourique, nos aprofundaremos em um tema fascinante que tem despertado o interesse de pessoas ao redor do mundo. Nessa linha, exploraremos os aspectos mais relevantes e impactantes relacionados a Batalha de Ourique, mergulhando em sua história, características e desafios atuais. Desde as suas origens até à situação atual, analisaremos em profundidade a importância de Batalha de Ourique e a sua influência em diferentes áreas. Através desta jornada, esperamos fornecer uma visão abrangente e enriquecedora de Batalha de Ourique, convidando nossos leitores a refletir e aprender mais sobre este tema emocionante.

Batalha de Ourique
Reconquista

Genealogia dos Reis de Portugal, 1530-1534.
Data 25 de Julho de 1139
Local Ourique, Portugal
Desfecho Vitória decisiva dos portugueses
Beligerantes
Portugueses Almorávidas
Comandantes
D. Afonso Henriques Ali ibne Iúçufe

A Batalha de Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no atual Baixo Alentejo (sul de Portugal), ou nos da Vila Chã de Ourique do distrito de Santarém, em 25 de Julho de 1139 — significativamente, de acordo com a tradição, no dia do provável aniversário D. Afonso Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era precisamente "Matamouros".

Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, em número bastante maior.

Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica, os cristãos venceram. A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se Rei de Portugal (ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha), tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação Rex Portugallensis (Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses) a partir de 1140 — tornando-o rei de facto, sendo o título de jure (e a independência de Portugal) reconhecido pelo rei de Leão em 1143 mediante o Tratado de Zamora e, posteriormente o reconhecimento formal pela Santa Sé em Maio de 1179, através da bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III.

A primeira referência conhecida a um suposto milagre ligado a esta batalha é do século XV, muito depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna. A tradição narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos na figura do Anjo Custódio de Portugal, garantindo-lhe a vitória em combate. Esse ponto da narrativa é similar à narrativa cristã tradicional da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Magêncio a Constantino, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES (em latim, «Com este sinal vencerás!»).

A lenda marcou de forma profunda o imaginário português, que o referencia como um milagre, e está retratada no brasão de armas da nação de Portugal: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando as Cinco Chagas de Jesus e os cinco reis mouros vencidos na batalha.

O local da peleja

Não há consenso entre os historiadores acerca do local exato onde se travou a batalha de Ourique. A mais antiga descrição da batalha figura na Crónica dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era Hispânica de 1177 (1139 da Era Cristã).

Séculos mais tarde, Alexandre Herculano opinou que "A grande religiosidade da Idade Média, foi um dos factores, para o desenvolvimento do carácter místico atribuído à batalha de Ourique - na crença que havia na existência de milagres interventivos na vida dos povos e neste caso colocando Portugal como país amparado pela vontade de Deus".

Mais recentemente outros historiadores, entre eles José Hermano Saraiva, voltaram a abordar e a reinterpretar essa questão.

Batalha de Ourique de Jorge Colaço no Centro Cultural Rodrigues de Faria.

Entre as teorias consideradas, citam-se:

  • Hipótese de Ourique (Baixo-Alentejo), outrora conhecida como «Campo d'Ourique»: mais ou menos equidistante entre Évora e Silves, é a hipótese tradicionalmente sustentada. À época, o poder Almorávida estava em fragmentação na Península Ibérica, e o território correspondente ao moderno Portugal, ainda em mãos muçulmanas, encontrava-se repartido em, pelo menos, quatro taifas, sediadas respectivamente em Santarém, Évora, Silves, e Badajoz. Neste cenário, uma razia do infante D. Afonso Henriques que incidisse numa zona tão a sul como o Baixo Alentejo, não seria, de todo, improvável, uma vez que era durante os períodos de maior discórdia entre os muçulmanos que as fronteiras cristãs mais progrediam para o Sul. Nesse sentido, a razia que seu filho, o infante D. Sancho, fez em 1178 a Sevilha, acha-se bem documentada, demonstrando na prática, a possibilidade de se percorrer uma distância tão significativa em território hostil.
Estátua de D. Afonso Henriques no Alentejo, comemorativa da vitória na batalha de Ourique.
A visão de D. Afonso Henriques.
  • Hipótese de Vila Chã de Ourique (c. 2 km do Cartaxo), no Ribatejo; a sua localização era ocidental demais para atrair o interesse e as forças do emir de Badajoz. Contudo é o mais forte dos quatro supramencionados, dado que nesta localidade foram encontradas imensas ossadas no Vale de Ossos.
  • Hipótese de Campo de Ourique (c. 7 km de Leiria), na Beira Litoral: tal como no caso de Vila Chã, a sua localização era próxima demais ao litoral para atrair da mesma forma o interesse e as forças do emir de Badajoz;
  • Hipótese de Campo de Ourique (Lisboa): Presente no imaginário popular, sem qualquer fundamentação.
  • Hipótese de Aurélia (possivelmente, a moderna Colmenar de Oreja, próxima a Madrid e Toledo): Há quem defenda uma confusão entre Ourique (Aurik) e Aurélia (Aureja, com o "j" aspirado como em castelhano), aumentando a dúvida sobre a localização da batalha. É possível que tivesse havido um plano acordado entre Afonso Henriques e o rei de Leão e Castela, Afonso VII; embora inimizados dois anos antes na batalha de Cerneja, a guerra ao inimigo comum (o Islão) constituía uma razão forte o suficiente para suscitar um entendimento entre ambos os soberanos cristãos, no sentido de este último poder atacar a fortaleza de Aurélia. Para evitar ser cercado pelo inimigo muçulmano, Afonso VII teria pedido ao primo D. Afonso Henriques que providenciasse uma manobra de diversão, que passaria por esta incursão portuguesa no Alentejo, e que forçaria os emires das taifas do Algarbe Alandalus a combatê-la em autodefesa. Com isso, Afonso VII esperava ter a sua retaguarda livre para atacar Aurélia, confiante em uma rendição rápida, dada a impossibilidade de resposta do inimigo, ocupado com a manobra dos portugueses.
  • Hipótese de Panoias, segundo a tradição local foi em Panoias-Ourique que se travou a Batalha de Ourique essa mesma tradição fala que D. Afonso Henriques depois da batalha discursou ao povo desta localidade e mudou-lhe o nome para Panonias, pelo que a confirmar-se o rei estaria a dar à localidade da batalha, o nome da terra de seu pai, pois segundo alguns antigos historiadores e Luís Camões, advogam que o Conde D. Henrique era natural da Hungria (Panonias). O próprio epitáfio do túmulo do conde D. Henrique na Sé de Braga diz que ele é natural da Hungria. A tradição também fala do acampamento das tropas junto da localidade e a fundação de um poço que durou até ao tempo de Salazar e que era conhecido na vila como Poço das Armas. O rei D. Afonso Henriques conquistava as terras e metia-as sob a vassalagem da Igreja de S. Pedro, o Príncipe dos Apóstolos (Santa Sé), por coincidência o padroeiro escolhido para a Igreja Matriz da vila de Panoias foi S. Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, Igreja esta que está de uma maneira nebulosa ligada à lenda da Noiva de Panoias.

De qualquer modo, como consequência, quando o Cardeal Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu D. Afonso Henriques e Afonso VII em Zamora (1143), para tentar convencê-los que a animosidade entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português escreveu ao Papa Inocêncio II, reclamando para si e para os seus descendentes, o status de «censual», isto é, dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o «milagre de Ourique», o que ocorrerá apenas em 1179. Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então firmado (Tratado de Zamora), Afonso VII considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmava-se a independência de Portugal.

Nesta batalha combateu e foi ordenado Cavaleiro o futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Dom Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e Pombal.

Ver também

Notas

  1. Era de 1177: A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo rei D. Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei D. Afonso, e vendo que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como o rei D. Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome Omar Atagor. Crónica dos godos

Referências

  1. a b c d Infopédia, Enciclopédia de Língua Portuguesa da Porto Editora. «Batalha de Ourique». Consultado em 7 de julho de 2014 
  2. Lenda do Milagre de Ourique. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2012. (Consult. 2012-02-07).
  3. «O Portal da História, A crónica dos godos». Consultado em 8 de dezembro de 2022 

Ligações externas