Celso (filósofo)

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 Nota: Para outros significados, veja Celso.
Celso (filósofo)
Século II d.C.
Escola/Tradição: Platonismo
Data de nascimento: Não disponível
Local: Grécia
Trabalhos notáveis A Verdadeira Palavra
Orígenes, Contra Celsum (edição de 1676)

Celso (em grego: Κέλσος) foi um filósofo platônico eclético do século II, mais conhecido como tendo sido um dos principais críticos do Cristianismo nos seus primórdios. As suas críticas, publicadas em A Verdadeira Palavra, foram contestadas por Orígenes na vasta obra Contra Celsum.

Biografia

De possível origem Egipcía, ficou conhecido como filósofo, sendo considerado como tendo feito parte da Escola Platónica. Viveu na cidade de Roma no Século II, durante a chamada Dinastia Antonina, tendo ficado célebre pelos seus ataques à religião cristã.

A existência de Celso só é atestada pelos seus escritos, os quais sobreviveram exclusivamente na contestação escrita pelo seu opositor, Orígenes. Segundo Catherine Nixey, na sua obra 'A Chegada das Trevas', é provável que, após a ascensão do Cristianismo e da sua disseminação pelo Império Romano, muitos livros considerados heréticos tenham sido banidos, destruídos ou impedidos de serem replicados e preservados, nomeadamente por conta de éditos emitidos pelos imperadores Teodósio I e Justiniano, que abonavam tais práticas. Tais factos possivelmente explicam o motivo de Celso ter sido relegado ao esquecimento. Não se conhecem muitos detalhes da sua vida. O que se depreende da sua obra é que foi um seguidor de Platão e talvez de Fílon. Tinha um bom conhecimento do Gnosticismo, do Cristianismo Primitivo, da religião egípcia e da teologia do Logos judaica. Ele escreveu num tempo em que o Cristianismo ainda não era popular e estava sendo ativamente perseguido, o que deve ter ocorrido no reinado de Marco Aurélio.

Obra

Presume-se que Celso, preocupado com o alastrar desta nova fé (cristianismo) e com as consequências que teria para a ordem estabelecida, tenha publicado A Verdadeira Palavra em torno de 170 d.C, tendo-a escrito no contexto de uma resposta às Apologias que foram dirigidas aos Antoninos. A obra foi encaminhada para Orígenes para ser refutada por volta do ano de 245 d.c. Contra Celsum contém extensos trechos do original e interpolações de Orígenes. Atribui-se credibilidade às citações de Orígenes já que a veracidade era indispensável para contra-argumentar os pontos enaltecidos por Celso.

Ao contrário de muitos dos seus antecessores, Celso provou possuir um grande conhecimento das escrituras cristãs e elaborou uma vasta soma de críticas num tom que ia do humorístico ao sardónico. Vários comentários ridicularizavam o intelecto dos convertidos ao cristianismo: "Escutai os seus doutores «Os sábios, dizem, repudiam os nossos ensinamentos, desvairados e impedidos como estão pela sua própria sabedoria.» Que homem de juízo pode deixar-se tomar por doutrina tão ridícula? Basta olhar a multidão que a abraça para a desprezar. Os mestres deles não procuram e não arranjam discípulos senão homens sem inteligência e de espírito obtuso". Numa outra crítica, Celso crítica a omnisciência e omnipotência do Deus cristão: "Com que desígnio desceria Deus cá abaixo? Seria para saber o que se passa entre os homens? Mas não é ele omnisciente? Ou será que, sabendo tudo, a sua divina potência está a tal ponto limitada, que nada possa corrigir se não enviar expressamente um mandatário ao mundo?"

Celso demonstrava também não compreender as contradições entre os ensinamentos de Jesus Cristo e os do Antigo Testamento, indagando, sarcasticamente, se Deus mudava frequentemente de ideias: "Quem está errado? Moisés ou Jesus? Ou quando o Pai enviou Jesus ter-se-ia esquecido dos mandamentos que dera a Moisés?" Celso argumentava não compreender o porquê de existir um tão grande fosso temporal entre a criação da humanidade e o envio de Jesus. "Só agora, depois de tantas eras, Deus se lembrou de julgar a vida dos homens? Até aí não queria saber?". Outras críticas visavam a forma de nascimento de Jesus, a qual Celso alegava ser produto do adultério, enquanto que noutras asseverava que Jesus havia aprendido a sua filosofia no Egito. Negou também a natureza divina de Cristo e acusou os cristãos de recorrerem ao plágio, nomeadamente à mitologia grega (o mito de Deucalião, por exemplo) e egípcia, das quais retiraram inspiração para escrever o seu decálogo e escrituras. Rebateu ainda a doutrina da encarnação de Deus, classificando-a como absurda, e também a da providência divina. Defendeu o politeísmo e disse que cada lugar e povo possui as suas deidades particulares e seus profetas, que aparecem de tempos em tempos. Antes de Celso, as menções ao cristianismo, de entidades alheias ao mesmo, eram sucintas e pouco elaboradas. A verdadeira palavra foi o primeiro livro, de que se tem conhecimento, escrito por um pagão a fazer extensas referências e críticas à doutrina cristã.

Referências

  1. Berardino 2002, p. 278.
  2. a b Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções. Volume 2 de 3 5.ª ed. Paris, Rio de Janeiro e Lisboa: Editora Larousse do Brasil e Selecções do Reader's Digest. 1981. p. 1106 
  3. a b c d Catherine Nixey (2018). A Chegada das Trevas. : Desassossego. 329 páginas. ISBN 9789898892119 
  4. a b c d Celso (1991). Contra os Cristãos. : Editorial Estampa. 123 páginas. ISBN 9723302683 

Bibliografia

  • Berardino, Angelo Di, ed. (2002). Dicionário patrístico e de antiguidades cristãs. : Paulus 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Celsus», especificamente desta versão.