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A neutralidade deste artigo foi questionada. |
Zumbi | |
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Senhor da Guerra | |
Zumbi (1927) por Antônio Parreiras | |
Líder do Quilombo dos Palmares | |
Reinado | 1680-1695 |
Consorte | Dandara dos Palmares |
Antecessor(a) | Ganga Zumba |
Sucessor(a) | Camuanga (Líder da resistência) |
Nascimento | 1655 |
Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco, Estado do Brasil, Império Português (atual União dos Palmares, Alagoas, Brasil) | |
Morte | 20 de novembro de 1695 (40 anos) |
Serra Dois Irmãos, Capitania de Pernambuco, Estado do Brasil, Império Português (atual Viçosa, Alagoas, Brasil) | |
Nome completo | Francisco Zumbi |
Zumbi, também conhecido como Zumbi dos Palmares (Serra da Barriga, 1655 – Serra Dois Irmãos, 20 de novembro de 1695), foi um líder quilombola brasileiro, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Zumbi nasceu na então Capitania de Pernambuco, em região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.
A palavra Zumbi ou Zambi, vem do termo zumbe, do idioma africano quimbundo, e significa fantasma, espectro, alma de pessoa falecida.
O Quilombo dos Palmares, localizado na Capitania de Pernambuco, atual região de União dos Palmares, Alagoas, era uma comunidade, um reino formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu na Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco, atual União dos Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue ao padre missionário português Antônio Melo quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita pelo líder, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por António Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com vinte guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, foi exposta a cabeça em praça pública no Pátio do Carmo, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696, o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei:
“ | Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares. | ” |
Alguns autores[quais?] levantam a possibilidade de que Ganga Zumba, e não Zumbi, tenha sido o verdadeiro herói do Quilombo dos Palmares:
"Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raramente capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões".
De acordo com José Murilo de Carvalho, em "Cidadania no Brasil" (pág. 48),
"os quilombos mantinham relações com a sociedade que os cercavam, e esta sociedade era escravista. No próprio quilombo dos Palmares havia escravos. Não existiam linhas geográficas separando a escravidão da liberdade".
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram Zumbi a categoria de chefe:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo."
Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo: De acordo com Edison Carneiro, em O Quilombo dos Palmares, Ed. Civilização Brasileira,
"Nina Rodrigues esclarece que nos Palmares havia ‘um governo central despótico’ semelhante aos da África na ocasião", e complementa: "Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela severa justiça do quilombo." "Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra."
Apesar de ser vista por alguns movimentos e setores da sociedade como representantes da resistência à escravidão, muitos quilombos contavam com a escravidão internamente. Esta prática levou vários teóricos a interpretarem a prática dos quilombos como um conservadorismo africano, que mantinha as diversas classes sociais existentes na África, incluindo reis, generais e escravos.
Autores apontam a existência de uma escravidão até mesmo predatória por parte dos habitantes de Palmares, que realizavam incursões nos territórios vizinhos, de onde traziam à força indivíduos para trabalharem como escravos em suas plantações, desenvolvendo assim uma espécie de "escravismo dentro da própria 'república'". Escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos também eram capturados e convertidos em cativos dos quilombolas.
Para Décio Freitas, autor do livro Palmares: a guerra dos escravos, ao qual foi o primeiro trabalho capaz de apresentar dados concretos sobre a identidade do líder negro Zumbi e a formação social de Palmares, em entrevista para a "Folha de S. Paulo", confessou que depois das pesquisas, ele tem hoje uma visão diferente do líder negro Zumbi.
‘Acho que, se ele tivesse sido menos radical e mais diplomático, como foi seu tio Ganga-Zumba, teria possivelmente alterado os rumos da escravidão no Brasil.’
Para outros autores, no entanto, a escravidão nos quilombos em nada se assemelharia à escravidão dos brancos sobre os negros, sendo os escravos considerados como membros das casas dos senhores, aos quais deviam obediência e respeito. Semelhante à servidão entre brancos, comum na Europa na Alta Idade Média. Para estes autores, a prática da escravidão teria dupla finalidade: aculturar os escravos recém-libertos às práticas do quilombos, que consistiam em trabalho árduo para a subsistência da comunidade, já que muitos dos escravos libertos achavam que não teriam mais que trabalhar, e diferenciar os ex-escravos que chegavam aos quilombos pelos próprios meios (escravos fugidos, que se arriscavam até encontrar um quilombo. Sendo, neste trajeto, perseguidos por animais selvagens e pelos antigos senhores, e ainda, correndo o risco de serem capturados por outros escravistas), daqueles trazidos por incursões de resgates (escravos libertados por quilombolas que iam às fazendas e vilas para libertar escravos).
Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. Em 2003 foi incluída no calendário nacional escolar, e em 2011 a Lei nº 12 519 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, data comemorada em 832 dos 5 570 municípios brasileiros, portanto em menos de 15% dos municípios. O dia tem um significado especial para os negros brasileiros que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade. A data também consta do calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
Hilda Dias dos Santos incentivou a criação do Memorial Zumbi dos Palmares.
Várias referências nas artes fazem tributo a seu nome:
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(ajuda)
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(ajuda)
Precedido por Ganga Zumba |
Rei do Quilombo de Palmares 1678 – 1694 |
Sucedido por destruído |