Confissão de Pedro

O artigo a seguir abordará o tema Confissão de Pedro, que é de grande relevância e interesse atualmente. Confissão de Pedro tem captado a atenção de inúmeras pessoas, pois representa um ponto de viragem na forma como este tema é percebido e abordado. Ao longo dos anos, Confissão de Pedro gerou debate e controvérsia, e a sua influência espalhou-se por diferentes áreas, da cultura à política. Neste contexto, é pertinente realizar uma análise profunda e detalhada de Confissão de Pedro, com o objetivo de compreender as suas implicações e consequências na sociedade atual.

Ordenação.
1630. Por Nicolas Poussin, atualmente em coleção privada.

No cristianismo, a Confissão de Pedro (do título da seção em latim do Evangelho de Mateus na Vulgata: Confessio Petri) é um episódio do Novo Testamento no qual o apóstolo Pedro proclama Jesus como sendo o Cristo - o esperado Messias. A proclamação está descrita nos três evangelhos sinóticos em Mateus 16:13–20, Marcos 8 27:30 e Lucas 9:18–20.

A proclamação de Jesus como Cristo é fundamental para cristologia e a confissão de Pedro - e a aceitação de Jesus ao título - é a frase definitiva sobre o assunto na narrativa do Novo Testamento. No episódio, Jesus não apenas aceita os títulos de Cristo e Filho de Deus, mas declara a proclamação como sendo revelação divina ao afirmar que seu Pai Celestial a revelou a Pedro, se declarando inequivocamente como sendo tanto Cristo e Filho de Deus.

Neste episódio, Jesus também seleciona Pedro como o líder dos apóstolos e afirma que "sobre esta pedra edificarei a minha igreja". A maior parte das denominações cristãs concorda que esta frase se refere a Pedro, mas elas divergem entre si nas interpretações sobre o que acontece após Pedro.

A Confissão de Pedro é também o nome de uma festa litúrgica celebrada por diversas igrejas cristãs, geralmente como parte da Semana de Oração pela Unidade Cristã.

Narrativa bíblica

Confissão de Pedro em «...quem dizeis que sou eu? Respondeu Pedro: O Cristo de Deus.» (Lucas 9:20).
Vitral na Igreja de St Mary e St Lambert em Stonham Aspal, em Suffolk, na Inglaterra.

Contexto e cenário

No Novo Testamento, esta perícope e o relato da Transfiguração de Jesus, que se segue, aparecem pelo meio da narrativa evangélica e, juntas, elas marcam o início de uma gradual revelação da verdadeira identidade de Jesus aos seus discípulos.

A cena ocorre perto de Cesareia de Filipe, na Palestina setentrional, e no início da jornada final em direção a Jerusalém, que terminará com a crucificação e a ressurreição de Jesus

A Confissão de Pedro começa como um diálogo entre Jesus e seus discípulos em Mateus 16:13, Marcos 8:27 e Lucas 9:18. Jesus começa a perguntar sobre quais seriam as opiniões do povo em relação a si próprio, "Que dizem os homens que sou eu?". Os discípulos então proveem uma variedade de hipóteses comuns na época, passando João Batista, Elias, Jeremias e outros profetas. Anteriormente, estas hipóteses sobre a identidade de Jesus já haviam aparecido em Marcos 14:16, ditas pelos cortesãos de Herodes Antipas quando eles ponderavam se Jesus seria "o Precursor" (João Batista) ressuscitado.

Proclamação e aceitação

Nos três relatos evangélicos, após perguntar sobre as opiniões da multidão, Jesus pergunta aos discípulos sobre suas próprias opiniões: "Mas vós, quem dizeis que sou eu?". Apenas Simão Pedro responde: " Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.".

Apenas em Mateus 16:17, Jesus abençoa Pedro por sua resposta e, posteriormente, o indica como sendo a rocha da Igreja. O trecho começa assim:

"Respondeu-lhe Jesus:Bem-aventurado és tu, Simão Bar-Jonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus.E também eu te digo que tu és Pedro,e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,e as portas do inferno não prevalecerão contra ela."Mateus16:17-18.

Ao abençoar Pedro, Jesus não apenas aceita os títulos de "Cristo" e "Filho de Deus" que Pedro lhe atribui, mas também declara que a proclamação é uma revelação divina ao dizer que foi seu Pai Celestial quem a revelou ao apóstolo. Nesta afirmação, ao endossar ambos os títulos como sendo revelação divina, Jesus inequivocamente se declara Cristo e Filho de Deus.

Escolha de Pedro

Em Mateus 16:18, Jesus continua:

«Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus...» (Mateus 16:18)

A palavra "igreja" (em grego: ekklesia), como utilizada aqui, aparece nos evangelhos apenas uma outra vez, em Mateus 18:17, e se refere à comunidade de cristãos da época. As "portas do Hades" se referem ao submundo, morada dos mortos, e aos poderes que se opunham a Deus não serem capazes de triunfar sobre a igreja. As Chaves do céu se referem à metáfora utilizada sobre o Reino de Deus como sendo um "lugar onde se entra" e aparece também em Mateus 23:13, de onde se infere que esta entrada pode ser fechada.

A autoridade de Pedro é confirmada ainda mais pelo verso seguinte, "...o que ligares sobre a terra, será ligado nos céus; e o que desligares sobre a terra, será desligado nos céus." Como discutido na seção seguinte, as diversas denominações cristãs atribuem interpretações diferentes sobre o que significa esta autoridade.

Os três evangelhos terminam o relato com Jesus pedindo aos discípulos que mantenham segredo sobre a sua identidade, uma afirmação que deu origem, no século XX, à teoria do Segredo Messiânico no Evangelho de Marcos.

Questões específicas por denominação

Interpretações

As diversas denominações cristãs interpretam Mateus 16:18 de variadas maneiras. Embora a maioria concorde que o versículo se refira a Pedro, elas divergem sobre o que acontece em seguida e o que isso significa.

Confissão de Pedro.
1904. Escultura atualmente na Igreja de São Pedro em Sarleinsbach, na Áustria.

Na Igreja Católica, as palavras de Jesus, "sobre esta rocha edificarei a minha igreja", são interpretadas como sendo a fundação da doutrina do papado, através da qual a Igreja de Cristo seria fundada sobre Pedro e seus sucessores, os bispos de Roma. O versículo seguinte, "e as portas do Hades não prevalecerão contra ela", é interpretada como sendo a fundação da doutrina da infalibilidade papal.

A Igreja Ortodoxa e as de Ortodoxia Oriental não rejeitam a sucessão dos papas mas enxergam nas palavras de Jesus sobre "as ligações" como sendo uma graça concedida inicialmente sobre Pedro (que o fez "Pedra de Confissão"), mas posteriormente a todos os apóstolos coletivamente (sendo Pedro o "primeiro entre iguais"). Os ortodoxos acreditam na infalibilidade da Igreja como um todo, mas que qualquer indivíduo, independente da posição que ocupa, pode estar sujeito a erros.

As denominações protestantes (luteranos, anglicanos, calvinistas) acreditam que o verso afirma que São Pedro foi a pedra inaugural da Igreja, mas não aceitam que ela se aplique a uma contínua sucessão de papas, como bispos de Roma. A afirmação sobre as portas do Hades é geralmente interpretada como significando que a Igreja jamais se extinguirá.

Já os pentecostais, ignoram completamente esta idéia, afirmando que há, na realidade, uma figura de linguagem onde a Confissão de Pedro é, em si mesma, a referida rocha.

Reuniões ecumênicas entre as diferentes denominações já foram realizados para tratar destas divergências, mas não foi possível chegar ainda numa versão que todas concordem.

Comemorações

Antes do Concílio Vaticano II, a Igreja Católica celebrava a festa da Cátedra de São Pedro em 18 de janeiro. Desde então, a festa é celebrada em 22 de fevereiro. A Igreja Católica jamais celebrou a festa sob o nome de "Confissão de Pedro". Nas igrejas anglicanas e luteranas, esta mesma festa é celebrada como "Festa da Confissão de Pedro" em 18 de janeiro.

A Confissão de Pedro é o começo da "Semana de Orações pela Unidade Cristã" - atualmente uma oitava ao invés de semana - e era originalmente conhecida como "Oitava da Unidade Cristã". Trata-se de uma observância litúrgica cristã ecumênica que se iniciou em 1908 e que vai de 18 até 25 de janeiro (a Festa da Conversão de São Paulo).

Ver também

Referências

  1. a b c d e The Collegeville Bible Commentary: New Testament by Robert J. Karris 1992 ISBN 0814622119 pages 885-886
  2. a b c Who do you say that I am? Essays on Christology by Jack Dean Kingsbury, Mark Allan Powell, David R. Bauer 1999 ISBN 0664257526 page xvi
  3. a b The Gospel of Matthew by Rudolf Schnackenburg 2002 ISBN 0802844383 pages 7-9
  4. a b c d One teacher: Jesus' teaching role in Matthew's gospel by John Yueh-Han Yieh 2004 ISBN 3110181517 pages 240-241
  5. a b c d e The people's New Testament commentary by M. Eugene Boring, Fred B. Craddock 2004 ISBN 0664227546 page 69
  6. Pocket Dictionary of Liturgy & Worship by Brett Scott Provance 2009 ISBN 9780830827077 page 59
  7. a b c Exciting holiness: collects and readings for the festivals by B. Tristam ISBN 1853114790 Canterbury Press 2003 pages 54-55
  8. The Christology of Mark's Gospel by Jack Dean Kingsbury 1983 ISBN 0800623371 pages 91-95
  9. The Cambridge companion to the Gospels by Stephen C. Barton ISBN 0521002613 pages 132-133
  10. The Gospel of Mark, Volume 2 by John R. Donahue, Daniel J. Harrington 2002 ISBN 0814659659 page 336
  11. Christology and the New Testament by Christopher Mark Tuckett 2001 ISBN 0664224318 page 109
  12. a b The Gospel of Matthew (Sacra Pagina Series, Vol 1) by Dainel J. Harrington 1991 ISBN 9780814658031 page 248
  13. Upon this Rock: St. Peter and the Primacy of Rome in Scripture and the Early Church by Stephen K. Ray 1999 ISBN 9780898707236 pages 11-15
  14. a b Papal infallibility: a Protestant evaluation of an ecumenical issue by Mark E. Powell 2009 ISBN 9780802862846 pages 35-40
  15. Preaching the Revised Common Lectionary Year A: Advent, Christmas, Epiphany, Part 1 by Marion L. Soards, Thomas B. Dozeman 1992 ISBN 068733800X page 130