Golfinho-do-ganges

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Golfinho-de-rio-do-sul-da-ásia
Golfinho-do-Ganges pulando para fora da água.
Golfinho-do-Ganges pulando para fora da água.
Comparação de tamanho com um humano médio
Comparação de tamanho com um humano médio
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Odontoceti
Família: Platanistidae
Gray, 1846
Género: Platanista
Wagler, 1830
Espécie: P. gangetica
Nome binomial
Platanista gangetica
Lebeck, 1801; Roxburgh, 1801
Distribuição geográfica
Em azul-escuro, o gangetica e, em azul-claro, o minor.
Em azul-escuro, o gangetica e, em azul-claro, o minor.
Subespécies
  • Platanista gangetica gangetica
  • Platanista gangetica minor

O golfinho-de-rio-do-sul-da-ásia (Platanista gangetica) é uma espécie de golfinho de água doce encontrado no subcontinente indiano. Conta com duas subespéciesː o golfinho-do-ganges (P. g. gangetica), com 1 200-1 800 indivíduos, habita as águas do rio Ganges na Índia; e o golfinho-do-indo (P. g. minor) habita o rio Indo, no Paquistão. Mead e Bronwell (2005) consideram as subespécies como espécies distintas. P. g. gangetica habita sobretudo os rios Ganges e Bramaputra e seus afluentes em Bangladesh, Índia e Nepal. P. g. minor habita o rio Indo no Paquistão e seus afluentes Beás e Sutle.

Da década de 1970 até 1998, foram consideradas espécies separadas. Nesse ano, passaram a ser consideradas subespécies da mesma espécie. P. g. gangetica foi reconhecido pelo governo da Índia como "animal aquático nacional". P. g. minor foi nomeado o mamífero nacional do Paquistão. P. g. gangetica também é o animal oficial da cidade indiana de Guwahati.

Em 2021, pesquisadores propuseram que as duas subespécies do golfinho do rio sul asiático (Platanista gangetica) - o golfinho do rio Indus (Platanista gangetica minor) e o golfinho do rio Ganges (Platanista gangetica gangetica) - deveriam ser reconhecidas como espécies completas distintas.

Taxonomia

A espécie foi descrita por dois autores separadamente, Lebeck e Roxburgh, em 1801. Não se pode afirmar qual dos dois autores descreveu primeiro a espécie. Até a década de 1970, havia uma única espécie. As duas subespécies são isoladas geograficamente e não cruzaram entre si por séculos, talvez por milhares de anos. Baseados em diferenças na estrutura do crânio, vértebras e composição lipídica, cientistas declararam, no início da década de 1970, que as duas populações eram espécies separadas.

Em 1998, os resultados desses estudos foram questionados e a classificação foi revertida para o consenso pré-1970 de uma única espécie com duas subespécies, até que a taxonomia fosse definida com técnicas modernas como o sequenciamento de DNA. As mais recentes análises de DNA mitocondrial das duas populações não mostraram a variação necessária para justificar a classificação como espécies separadas. Consequentemente, atualmente reconhece-se uma única espécie com duas subespécies no gênero Platanistaː P. g. gangetica (golfinho-do-ganges) e P. g. minor (golfinho-do-indo).

Descrição

O golfinho-de-rio-do-sul-da-ásia tem o bico longo e pontudo característico de todos os golfinhos de rio. Seus dentes são visíveis tanto na mandíbula superior quanto na mandíbula inferior, mesmo com a boca fechada. Os dentes dos indivíduos mais jovens têm o comprimento de quase uma polegada, e são finos e curvos. Conforme os indivíduos envelhecem, os dentes sofrem consideráveis mudanças e, em indivíduos maduros, se tornam discos achatados, ossudos e quadrados. O focinho se engrossa conforme avança para a ponta. A espécie não tem cristalino, o que a torna efetivamente cega, embora ainda seja capaz de detectar a direção e a intensidade da luz. A navegação e a caça são efetuadas através de ecolocalização. São os únicos cetáceos que nadam de lado.

O corpo é acastanhado e atarracado no meio. A espécie tem uma única e pequena protuberância triangular no lugar da barbatana dorsal. As nadadeiras e cauda são finas e largas em relação ao tamanho do corpo, que mede de 2 a 2,2 metros nos machos e de 2,4 a 2,6 metros nas fêmeas. O mais velho animal registrado foi um macho de 28 anos de idade, com comprimento de 199 centímetros. Fêmeas maduras são maiores do que machos. Dimorfismo sexual é expresso depois que fêmeas alcançam 150 centímetros. O rostro das fêmeas continua a crescer depois que o rostro dos machos para de crescer, eventualmente se tornando vinte centímetros maior.

Distribuição e habitat

O golfinho-de-rio-do-sul-da-ásia é nativo das bacias hidrográficas do Nepal, Índia, Bangladesh e Paquistão. É encontrado mais comumente em águas com abundância de presas e reduzido fluxo de água.

A subespécie do Ganges (P. g. gangetica) pode ser encontrada nos sistemas hidrográficos Ganges-Bramaputra-Meghna e Karnafuli-Sangu da Índia e Bangladesh. Antigamente, sua área de ocorrência abrangia o Nepal. Uma pequena subpopulação ainda pode ser encontrada no rio Gagara e, possivelmente, no rio Sapta Kosi. A maior parte da subespécie do Indo (P. g. minor) se localiza entre as barragens de Sucur e Guddu, na província do Sind, no Paquistão. Duas subpopulações menores também foram registradas nas províncias do Punjab e Khyber Pakhtunkhwa. Como estes dois sistemas hídricos (Indo e Ganges) não têm qualquer ligação, é um mistério como essas duas subespécies acabaram se localizando neles. É improvável que a subespécie de um rio tenha chegado ao outro através do oceano, pois seus estuários são bem distantes entre si. De acordo com o livro "Terra dos sete riosː uma breve história da geografia da Índia", de Sanjeev Sanyal, uma explicação provável é que vários rios do norte da Índia, como o Sutle e o Yamuna, alteraram seus cursos em tempos antigos e levaram os golfinhos com eles.

Biologia

Os nascimentos ocorrem no ano inteiro, mas parecem se concentrar entre dezembro e janeiro e entre março e maio. Acredita-se que a gestação dura de nove a dez meses. Depois de aproximadamente um ano, os jovens desmamam. Eles alcançam maturidade sexual com aproximadamente dez anos de idade. Durante a monção, os golfinhos-de-rio-do-sul-da-ásia tendem a migrar para os afluentes dos principais sistemas hídricos. Ocasionalmente, indivíduos nadam deixando seus bicos emersos, podendo, ainda, saltar completa ou parcialmente fora da água e pousar de lado. Se alimentam de vários tipos de peixes e camarões, incluindo carpas e bagres. São usualmente encontrados sozinhos ou em grupos frouxos, pois não formam grupos coesos.

Conservação

O comércio internacional da espécie é proibido segundo o apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção. A espécie é protegida pelo Ato da Vida Selvagem Indiana, embora a legislação necessite de uma execução mais estrita.

Ambas as subespécies são listadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza como "em perigo" na sua Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. O golfinho-do-indo é listado como "em perigo" pelo Serviço Nacional de Pesca Marinha do Governo dos Estados Unidos, de acordo com o Ato das Espécies em Perigo. Em compensação, em anos recentes, a população de golfinhos-do-indo cegos no Paquistão aumentou.

O perigo imediato para a população residente de P. gangetica no Santuário Nacional do Chambal é a diminuição da profundidade do rio Chambal e o surgimento de bancos de areia que dividem o rio em segmentos menores. As medidas propostas de conservação incluem tanto a criação de santuários para a espécie como a criação de habitat adicional.

O ministro do meio ambiente e floresta declarou o golfinho-do-ganges como o animal aquático nacional da Índia. Um trecho do rio Ganges entre Sultanganj e Kahlgaon, em Bihar, foi declarado santuário da espécie com o nome de Santuário Vikramshila do Golfinho-do-ganges. É o primeiro santuário criado para a espécie.

A espécie está listada nos apêndices I e II da Convenção de Bona. Está listada no apêndice I como espécie em perigo de extinção em toda ou em significativa parte de sua área de ocorrência. O apêndice ainda declara que os signatários da convenção almejam a proteção da espécie, conservando ou restaurando os locais onde ela vive, diminuindo os obstáculos a sua migração e controlando outros fatores que poderiam ameaçá-la. Está listada no apêndice II com um status desfavorável de conservação, ou que poderia se beneficiar de cooperação internacional através de acordos.

O governo de Uttar Pradesh está divulgando antigos textos hindus com a esperança de aumentar o apoio da comunidade à salvação da espécie de seu desaparecimento. Um verso de um desses textos, o Ramáiana, enfatiza a força com que o rio Ganges teria emergido dos cachos do cabelo de Xiva, levando, junto, vários animais, entre eles o Shishumaar (golfinho-do-ganges).

Interação com o homem

Ambas as subespécies vêm sendo gravemente afetadas pelo uso humano dos rios do subcontinente indiano. Muitos golfinhos ficam presos nas redes de pesca. Alguns são capturados e têm sua carne e óleo usados como linimento, afrodisíaco ou isca para bagre.

A irrigação diminuiu o nível da água nas regiões ocupadas pela espécie. A poluição das águas causada pela indústria e pela agricultura também pode ter contribuído para o declínio da população da espécie. Talvez a principal causa, porém, tenha sido a construção de mais de cinquenta represas, que causaram a segregação de populações e a diminuição do fundo genético. Atualmente, três subpopulações de golfinho-do-indo são consideradas capazes de sobrevivência a longo prazo se protegidas.

Personalidade não humana

Em 20 de maio de 2013, o ministro do meio ambiente e florestas da Índia declarou que os golfinhos eram "pessoas não humanas" e, como tal, passava a ser proibido o seu cativeiro com a finalidade de entretenimento. Alguns cientistas defendem que golfinhos e baleias são suficientemente inteligentes para merecerem o mesmo tratamento ético que os seres humanos recebem. Consequentemente, para se manter um golfinho em cativeiro, deveria ser necessária uma justificativa legal.

Referências

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