Grupos dos Onze

No mundo, Grupos dos Onze tem sido um tema recorrente ao longo da história. Desde as suas origens, Grupos dos Onze captou o interesse e a atenção de pessoas de todas as idades e origens. O seu impacto foi tão significativo que marcou um antes e um depois na forma como entendemos e nos relacionamos com o mundo que nos rodeia. Neste artigo, exploraremos exaustivamente o impacto de Grupos dos Onze em diferentes aspectos da vida quotidiana, desde a sua influência na cultura popular até à sua relevância na ciência e tecnologia. Através de uma análise abrangente, descobriremos a verdadeira magnitude de Grupos dos Onze e o seu papel na sociedade contemporânea.

Os chamados Grupos de Onze Companheiros, simplificadamente, Grupos dos Onze ou Gr-11, e também conhecidos como Comandos Nacionalistas foram concebidos por Leonel Brizola no fim de 1963. Tomando por base a formação de um time de futebol, imagem de fácil assimilação e apelo popular, Brizola pregava a organização de pequenas células – cada uma composta de onze cidadãos, em todo o território nacional – que poderiam ser mobilizadas sob seu comando. Era um grupo de esquerda, porém não socialista, era nacionalista e apoiava abertamente as políticas de base de Jango, dentro do contexto de radicalização política do período histórico.

Contextualização

Por meio da rádio Mayrink Veiga, a partir do ano de 1962, Leonel Brizola começou um programa todas as sextas-feiras, às 21 horas. Com suas proclamações, a voz de Brizola chegava aos lugares mais distantes do País, mobilizando a população em torno das suas ideias políticas e propostas de mudar o País. Na noite de 29 de novembro de 1963, Brizola utilizou seu programa para lançar um movimento de massa, com uma operacionalidade ágil, dotado de capilaridade para atuar em todo o território brasileiro, incluindo as áreas mais isoladas e distantes. O movimento recebeu o nome de Comandos Nacionalistas ou Grupos de 11 Companheiros, mas ficou nacionalmente conhecido como Grupos de 11.

Leonel Brizola, eleito deputado federal em 1962 pelo antigo estado da Guanabara e líder da Frente de Mobilização Popular – um agrupamento de organizações e setores de vários partidos em defesa das reformas de base –, passou a orientar a mobilização, em fins de novembro de 1963, dos Grupos dos Onze Companheiros. Com essa formação, Brizola pretendia contar com uma força extraparlamentar organizada e de caráter popular. A organização dos Comandos Nacionalistas está diretamente relacionada ao clima de insegurança que cercava o Governo João Goulart.

Como os Grupos de Onze foram criados no fim de 1963, o clima de radicalização já se generalizara. A imprensa também supervalorizava sua capacidade de ação, mas a verdade é que houve quem se inscrevesse apenas porque gostava de Brizola e nunca teve participação efetiva. No Sul, muitos achavam que iam ganhar terra, sementes. Os Comandos foram um movimento de engajamento político e de abertura de horizontes na política que empolgou muitos brasileiros. Os objetivos principais dos “comandos” estavam ali definidos nos seguintes termos: “(...) a atuação organizada em defesa das conquistas democráticas de nosso povo, pela instituição de uma democracia autêntica e nacionalista, pela imediata concretização das Reformas, em especial das Reformas agrária e urbana e, a sagrada determinação de luta pela libertação de nossa pátria da espoliação internacional.”

No início de 1964, Brizola lançou seu próprio semanário, "O Panfleto", que veio se integrar à campanha já desenvolvida pela cadeia da Rádio Mairink Veiga. Em outras ocasiões, distribuiu diversos outros documentos para a organização dos G-11, tais como as "Precauções", os "Deveres dos Membros", os "Deveres dos Dirigentes", um "Código de Segurança" e fichas de inscrição para seus integrantes. Chegou a organizar 5.304 grupos, num total de 58.344 pessoas, distribuídas, particularmente, pelos Estados do Rio Grande do Sul, Guanabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Funcionamento

Para organizar um Gr-11, a primeira providência era a leitura e o estudo das instruções, “quantas vezes forem necessárias até uma segura compreensão dos fins e objetivos da organização.” A etapa seguinte era “procurar os companheiros com os quais têm convivência e ligações de confiança”. Vizinhos ou colegas de trabalho eram os mais indicados, e sempre em grupos reduzidos, de três ou quatro pessoas. Diante de receptividade para a ideia de organizar um Gr-11, “tal decisão significará um verdadeiro pacto de solidariedade e confiança entre os companheiros.”

O objetivo era reunir 11 pessoas, mas as instruções reconhecem que arregimentar este contingente poderia ser um pouco difícil e estabelece que, com sete integrantes, a célula de militantes poderia começar a atuar. Ao alcançar este quorum mínimo, o grupo é fundado oficialmente e, depois da leitura do manual e do “exame da situação política e da crise econômica e social que estamos atravessando”, é escolhido o dirigente do Gr-11; seu assistente – e eventual substituto – e o secretário-tesoureiro.

A proposta era criar sucessivos grupos de 11 integrantes até atingir 11 células com estas características, quando, como relata o documento, “seus onze líderes formarão um Gr-11-2, isto é, um grupo de onze de 2º. nível, reunindo um total de 121 companheiros.” O contato com a liderança nacional era de responsabilidade de um delegado de ligação (DL); enquanto não chegavam novas instruções, cabia ao Gr-11 realizar reuniões para estreitar os laços entre seus militantes e analisar a conjuntura, além de buscar adesões em sua área de atuação. Embora não fizesse restrições a analfabetos, a arquitetura dos Gr-11 praticamente ignorava uma militância integral das mulheres. Havia um código de segurança detalhando os cuidados a serem adotados já se desconfiando de uma possível monitoração de autoridades militares.

Visão Política

As mensagens do líder eram passadas não só nas transmissões radiofônicas como também por textos, nos quais é possível verificar a visão e posicionamento político de seus integrantes. Em “O porquê da revolução nacional libertadora”, a explicação de cartilha revolucionária: a exploração do capital monopolista estrangeiro, principalmente americano; e a estrutura agrária baseada na concentração latifundiária. No capítulo sobre “o aliado comunista”, não resta dúvida de que Brizola não via o Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a menor simpatia. “Devemos ter sempre presente que o comunista é nosso principal aliado mas, embora alardeie o Partido Comunista ter forças para fazer a Revolução Libertadora, o PCB nada mais é que um movimento dividido em várias frentes internas em luta aberta entre si pelo poder absoluto e pela vitória de uma das facções em que se fragmentou.” E continua, aumentando o tom da crítica: “São fracos e aburguesados esses camaradas chefiados pelos que veem, em Moscou, o único sol que poderá guiar o proletariado mundial à libertação internacional. Fogem à luta como fogem à realidade e não perderão nada se a situação nacional perdurar por muitos anos ainda.”

Divisão de tarefas

A primeira reunião formal do grupo tinha objetivo bem burocrático: montar a estrutura do Gr-11. As funções ficavam bem detalhadas e cada integrante teria um papel específico:

  • Líder, dirigente ou comandante: representa, orienta e coordena as atividades do grupo, de acordo com as instruções partidárias e os objetivos da organização. Está previsto que seu mandato será a duração de um ano;
  • Assistente: prestar colaboração direta ao dirigente ou comandante do grupo, substituindo-o em seus impedimentos;
  • Secretário-tesoureiro: responsável pela gestão dos recursos financeiros e guarda de papéis e documentos (líder, assistente e secretário-tesoureiro formam a comissão executiva do Gr-11);
  • Comunicações: dois integrantes ficam encarregados das comunicações, que englobam a troca de informações entre os elementos do Gr-11, inclusive no caso de ser preciso avisar aos companheiros sobre a necessidade de esconderijo ou fuga;
  • Rádio-escuta: acompanhamento pelo rádio dos acontecimentos nacionais e locais;
  • Transporte: coordenação das possibilidades de transportes para os membros do grupo no caso de atos e concentrações públicas;
  • Propaganda: responsável por faixas, boletins, pichamentos, notícias para a imprensa;
  • Mobilização popular: contatos e ligações com o ambiente local, visando a formar um círculo de relações e colaboração em torno do grupo, principalmente para garantir o comparecimento em comícios ou outros atos públicos;
  • Informações: atribuição de fazer contatos e o levantamento de informações sobre a situação política e social, além de outros problemas que interessem o grupo. Também fica responsável pela organização partidária local;
  • Assistência médico-social: o companheiro deve ser, se possível, médico, enfermeiro ou assistente social, “ou no mínimo com alguma noção ou treinamento para prestar assistência ou orientação a todas as pessoas necessitadas no ambiente onde atuar o Comando Nacionalista (por exemplo, aplicar injeção, conseguir medicamentos, curativos de emergência)”.

Declínio

O grupo dos onze é sufocado e abortado na origem, pelo golpe de 64, e pelo exílio de Brizola no Uruguai durante a ditadura militar. Alguns remanescentes do grupo dos onze, conhecidos como brizolistas, continuaram a militância política dentro da legalidade institucional, como o co-fundador e prefeito de Corbélia, por duas vezes durante a ditadura militar, pelo MDB Laudemir Turra, cidade do oeste do Paraná.

Referências