Neste artigo, exploraremos Michel de Montaigne e seu impacto na sociedade contemporânea. Desde o surgimento de Michel de Montaigne, houve uma mudança significativa na forma como as pessoas interagem umas com as outras e com o mundo ao seu redor. Ao longo dos anos, Michel de Montaigne tem desempenhado um papel crucial em vários aspectos da vida quotidiana, desde a forma como comunicamos até à forma como consumimos informação. Neste sentido, é essencial compreender a influência de Michel de Montaigne na nossa sociedade atual e refletir sobre as suas implicações para o futuro. Nas próximas páginas, examinaremos detalhadamente como Michel de Montaigne transformou a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, bem como as oportunidades e desafios que isso representa para o mundo moderno.
Michel de Montaigne | |
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Nome completo | Michel Eyquem de Montaigne |
Nascimento | 28 de fevereiro de 1533 Castelo de Montaigne |
Morte | 13 de setembro de 1592 (59 anos) Castelo de Montaigne |
Nacionalidade | francês |
Alma mater | Colégio de Guiana |
Ocupação | Filósofo, escritor, magistrado |
Magnum opus | Ensaios |
Escola/tradição | Contrarreforma Neopirronismo Renascimento francês Humanismo renascentista |
Assinatura | |
Michel Eyquem de Montaigne (Castelo de Montaigne, 28 de fevereiro de 1533 — Castelo de Montaigne, 13 de setembro de 1592), mais conhecido apenas como Montaigne foi um filósofo renascentista e escritor erudito francês. Humanista e cético, ele é considerado como o precursor do estilo literário ensaístico. Empregando em sua obra um estilo descontínuo até então inédito na prosa literária, Montaigne refletiu sobre os costumes e modos de vida humanos, inaugurando assim o chamado moralismo francês.
Criticou a educação livresca e mnemônica, propondo um ensino voltado para a experiência e para a ação. Acreditava que a educação livresca exigiria muito tempo e esforço, o que afastaria os jovens dos assuntos mais urgentes da vida. Para ele, a educação deveria formar indivíduos aptos ao julgamento, ao discernimento moral e à vida prática.
Montaigne nasceu no Castelo de Montaigne, em Saint-Michel-de-Montaigne. Filho de família rica e nobre foi criado por uma ama de leite numa casa de camponeses de uma aldeia vizinha e veio com três anos de volta para a família. Sua mãe descendia de judeus portugueses. Seu pai lhe deu um tutor alemão que lhe falava somente em latim. Assim, o latim era quase a língua materna de Montaigne. Este tinha um espírito por um lado vigilante e metódico e por outro, aberto às novidades. Estudou no célebre centro humanista Colégio de Guiana, onde teve o português André de Gouveia como diretor. Após estes estudos enveredou pelo Direito. Exerceu a função de magistrado primeiro em Périgueux (de 1554 a 1570) depois em Bordéus onde travou profunda amizade com La Boétie. Michel de Montaigne foi tio pelo lado materno de Santa Joana de Lestonnac.
Em 1565 se casou com Françoise de La Chassagne, onze anos mais jovem que ele. Teve com ela seis filhos, dos quais apenas uma menina, Leonor sobreviveu.
Em 1568 morreu seu pai, tornando-se herdeiro de uma propriedade e do título de Senhor de Montaigne, que lhe garantiu uma sobrevivência tranquila. Em 1570 vendeu seu cargo e em 1571 se retirou para sua propriedade para escrever suas reflexões num dos séculos mais conturbados da França, sob o cisma político e religioso de protestantes e católicos.
Seu retiro durou pouco, pois no ano seguinte, teve que assumir novos compromissos sociais e políticos em consequência das guerras de religião que assolava o país. Correspondeu-se com o protestante Henrique de Navarra, que acabaria por se tornar um rei católico, em 1572.
Condecorado em 1571 pelo rei Henrique III de França com a ordem de Saint-Michel e nomeado cavalheiro ordinário da Câmara do rei, também foi honrado por Henrique IV de França em 1577 com o título de cavaleiro de sua Câmara.
Viajou pela Suíça, Alemanha e Itália durante dois anos (1580-1581). Fez o relato desta viagem no livro Journal de Voyage, que só foi publicado pela primeira vez em 1774. Em missão secreta a Paris, a favor da paz, acabou preso por um dia na Bastilha.
Ao voltar, foi presidente da Câmara de Bordéus durante quatro anos (1581-1585). Regressou ao seu castelo e continuou a corrigir e a escrever os Essais, tendo em vista o estilo parisiense de exposição doutrinária.
Os seus Ensaios compreendem três volumes (três livros) (levou nove anos para redigir os dois primeiros) e vieram a público em três versões: Os dois primeiros em 1580 e 1588. Na edição de 1588, aparece o terceiro volume. Em 1595, publica-se uma edição póstuma destes três livros com novos acrescentos.
Seus Essais são principalmente autorretratos de um homem, mais do que o autorretrato do filósofo. Montaigne apresenta-se-nos em toda a sua complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou por observar também o Homem no seu todo. Por isso, não nos é de espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre a flatulência. Montaigne é assim um livre pensador, um pensador sobre o humano, sobre as suas inconsistências, diversidades e características. E é um pensador que se dedica aos temas que mais lhe apetecem, vai pensando ao sabor dos seus interesses e caprichos.
Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica, esta não é totalmente passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões, que o ajudem na sua vida diária e na sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e tenta assim compreender os homens.
Montaigne não tem um sistema. Não é um moralista, nem um doutrinador. Mas não sendo moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas. No fundo, Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder, e é na sua incerteza em dar respostas, que surge um certo cepticismo em Montaigne. Como não está interessado em dar respostas apriorístico tem uma certa reserva em relação a misticismos e crenças. É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às lutas de religião que se viviam em França na época. Embora não deixe de refletir em assuntos como a destruição das Novas Índias pelos espanhóis. Ou seja, as suas reflexões visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio doméstico.
O facto de ter introduzido uma outra forma de pensar através de ensaios, fez com que o próprio pensamento humano encontrasse uma forma mais legítima de abordar o real. A verdade absoluta deixa de estar ao alcance do homem, sendo doravante, possível tão-somente uma verdade por aproximações.
A filosofia de Montaigne influenciou em grande medida uma das crises principais da história da filosofia moderna: a questão da consistência do homem e suas ações. Sua obra Ensaios desafia a crença no Eu sólido e substancial para enfatizar a inconsistência natural do homem, e assim traz uma mudança da valorização da profundeza do homem para sua superficialidade.
Assim como Montaigne considera que mundo inteiro está em constante movimento, o homem carece de constância fixa, pois “a própria constância não é outra coisa além de um movimento mais lânguido”. Devido à falta de continuidade e coerência do homem, seu comportamento torna-se imprevisível e portanto difícil de examinar. Em várias ocasiões de Ensaios, Montaigne relata situações diferentes nos quais os comportamentos de diferentes pessoas variam drasticamente e irracionalmente, salientando a inutilidade de procurar uma ligação uniforme dos mesmos. A alegação da fluidez do Eu é especialmente clara no capítulo “Sobre a inconstância de nossas ações”, em que Montagne acerta que as ações de uma pessoa dependem das circunstâncias presentes no momento da ação mais do que da sua personalidade e do seu raciocínio. Por conseguinte, é normal observar a mesma pessoa agir de maneiras completamente diferentes de dia para dia. Pode haver tanta diferença dentro de uma pessoa só quanto entre duas pessoas diferentes. A inconstância do homem deve-se a sua natureza e faz com que nada dele seja sólido; assim como a comportamento muda dependendo das circunstâncias, também mudam suas opiniões e costumes. “Flutuamos entre diversas opiniões: nada queremos livremente, nada absolutamente, nada constantemente”. Até o próprio julgamento de uma pessoa é fluido segundo Montaigne. O nosso desejo do momento faz parte das circunstâncias que determinam as nossas ações, o que traz espontaneidade e falta de controle: “Somos levados como uma marionete de madeira pelos músculos de outro. Não vamos, somos levados: como as coisas que flutuam, ora suavemente, ora com violência, dependendo se a água está revolta ou serena”. A falta de controle implica incerteza e incapacidade de previsão do comportamento do homem, não só na observação de outras pessoas, mas também em relação a si mesmo; além de não poder determinar as ações dos outros, o homem nem pode determinar suas próprias ações, só tentar guiá-las. Logo, não pode considerar-se que a ação de uma pessoa necessariamente reflete sua personalidade. O que uma pessoa faz em uma determinada situação corresponde ao estado em que a pessoa está, não ao que a pessoa é, pois são as circunstâncias da situação que determinam a ação. Montaigne transforma o conceito ser a uma pluralidade de estados e comportamentos diferentes.
No entanto, vale a pena salientar que Montaigne mostra certas contradições em relação à explicação do comportamento do homem ao longo de Ensaios: embora o capítulo “Sobre a inconstância das nossas ações” claramente expressa a incapacidade do homem de governar suas ações, o capítulo “Sobre a crueldade” menciona a facilidade de uma pessoa de “caráter naturalmente fácil e suave” fazer “coisa muito bonita e digna” em contraste a uma pessoa de caráter oposto. Além disso, o capítulo enfatiza a virtude de quem consegue controlar seu “furioso apetite de vingança” e atuar de maneira virtuosa mesmo que seu caráter seja o oposto, o que implica uma capacidade de dirigir seu comportamento bem maior à mencionada no capítulo “Sobre a inconstância das nossas ações”.
O Musée d'Aquitaine anunciou em 20 de novembro de 2019 que os restos mortais, encontrados no porão do museu um ano antes, poderiam pertencer a Montaigne. A investigação dos restos mortais, adiada por causa da pandemia COVID-19, foi retomada em setembro de 2020.