Mitologia Grega

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MITOLOGIA GREGA

DAIMON Daimon (em grego Δαίμων e em latim Daemon) é o termo utilizado para referir-se a diferentes realidades que compartem os princípios fundamentais do que em outras tradições se denominam espíritos, anjos e demônios. Aos Daimones se pode denominar "o poder", "o divino", "deus", "gênio", "espírito". O significado da palavra Daimon vária de acordo com o decorrer da época na religião e na mitologia grega: Inicialmente os Daimones designam as forças primordiais que regem os elementos naturais no princípio da criação e fazem com que o mundo humano seja um mundo habitado pelo sobrenatural. Eram seres divinos e semidivinos denominados: Ouranioi (do ar), Georgikoi e Nomioi (da terra), Halioi (do mar) e Khtonioi (do inframundo), que tinham como função, intermediar entre os Theoi e os homens, como mensageiros dos primeiros. Os Daimones são as almas divinizadas de antepassados humanos que desde sua situação de perfeição e bem-aventurança exercem sobre o mundo dos homens uma função de proteção. São denominados de acordo com a Idade na qual surgiram, os Daimones Khryseoi, da Idade de Ouro, e os Daimones Argyreoi, da Idade de Prata. Os Daimones também atuam como espíritos da condição humana: as personificações de estados diversos de existência, emoções, ações e a moralidade. Os Daimones de moralidade estavam divididos em Agathos (o bem, as Virtudes) e Kakos (o Mal, os Vícios). Uma espécie de voz da consciência ou como a submissão a vontade do deus que atua na vida do homem como contrapeso de outras inclinações ou tendências.  AGATHODAIMONES: (Αγαθος Δαιμονες, “bom espírito”) Os espíritos favoráveis que acompanham durante toda a vida as pessoas e se manifesta quando é necessário. É o “bom espírito” dos campos de cereais e vinhedos. Era costume dos antigos gregos beberem um vaso de vinho puro em sua honra ao finalizar cada comida. Também o consideraram como esperto protetor do Estado. O representam nas obras de arte sobre a forma de serpente, ou de um homem jovem com uma cornucópia, portando uma taça em uma mão, mais uma papoula e espigas de trigo na outra.  KAKODAIMONES: (Κακος Δαιμονες, “mal espírito”) Os inúmeros espíritos prejudiciais liberados da jarra de Pandora para que aflijam a humanidade, responsáveis por todos os males, sentimentos, ações e doenças.  DAIMONES KHRYSEOI: (Δαιμονες Χρυσεοι, “espíritos de ouro”, Αγνοι Δαιμονες, “espíritos puros” ou Επιχθονιοι, “por cima da terra”) Os homens da Idade de Ouro que foram imortalizados como espíritos dos lares que velavam pela humanidade e a protegiam oferecendo abundância agrícola aos justos, atuavam como mensageiros dos Theoi aos homens. Eram trinta mil espíritos do ar.  DAIMONES ARGYREOI: (Δαιμονες Αργυρεοι, “espíritos de prata”, Υπερχτονιοι, “debaixo da terra” ou Μακαρες Δαιμονες, “espíritos bem-aventurados”) Os homens da Idade de Prata que foram imortalizados como os espíritos subterrâneos responsáveis pela fertilidade da terra, seres inferiores aos Daimones Khryseoi.  DAIMONES KHTHONIOI: (Δαιμονες Χθονικοι, “espíritos da terra”) Os demônios do mundo subterrâneo, divindades primitivas, representadas como metade bestas e metade humanas, devoradores dos mortos.  DAIMONES GEORGIKOI: (Δαιμονες Γεοργικοι, “espíritos da mãe terra”) Os espíritos da agricultura.  DAIMONES HALIOI: (Δαιμονες Αλιοι, “espíritos do mar”) Os espíritos do mar.  DAIMONES NOMIOI: (Δαιμονες Νομιοι, “espíritos dos campos”)Os espíritos dos campos, prados e desertos.  DAIMONES OURANIOI: (Δαιμονες Ουρανιοι, “espíritos do céu”) Os espíritos dos céus e das estrelas.  DAIMONES PROSEOOUS: (Δαιμονες Προσηωυς, “espíritos orientais”) Os demônios que perseguiam a escuridão viviam nas cavernas costeiras na ilha de Rodas.

THEOI Os deuses do panteão grego se dividem em várias categorias. As três primeiras destas - os Theoi Olimpikoi, os Theoi Titanes, e os Theoi Protogonoi - representam as três distintas gerações dos deuses para governar o Khosmos. As próximas seis categorias se dividem de acordo com os domínios dos deuses, ou seja, Theoi Ouranioi (os deuses do céu), Theoi Halioi (os deuses do mar), Theoi Georgikoi e Theoi Nomioi (os deuses rústicos e agrícolas) e Theoi Khthonikoi (os deuses do inframundo) e Theoi Polikoi (os deuses da cidade). A última categoria inclui Daimones (personificações, os deuses e os espíritos) que representam as idéias abstratas, as emoções humanas e condições, Nymphes (elementais) que personificavam os elementos da natureza. Os imortais do panteão dos antigos gregos podem se dividir em aproximadamente oito classes: A primeira delas foram os Protogonoi ou “Primeiros deuses nascidos”. Estes eram os seres primitivos que surgiram na criação para formar a trama mesma do universo: terra, mar, céu, noite, dia, etc. Ainda que fossem divindades eram puramente elementais na forma: Gaia era a Terra, Pontos o Mar, Ouranos a Cúpula dos Céus. No entanto às vezes lhes representam assumindo uma forma antropomórfica, ainda que sejam inseparáveis de seu elemento nativo. Gaia a Terra, por exemplo, pode manifestar-se a si mesma como uma mulher madura, meio levantada da terra e Thalassa o mar, podia levantar a cabeça por cima das ondas na forma de um mar em forma de mulher. A segunda foi a dos Daimones da natureza e Nymphes que nutrem a vida nos quatro elementos. Ex: Hidríades (aquáticas), as Epigéias (terrestres), as Ouraniai (celestes), etc A terceira era dos Daimones do corpo e da mente, que afetam os homens. Ex: Hypnos (sono), Eros (amor), Éris (discórdia), Fobos (medo), Thanatos (morte), Geras (velhice), etc. A quarta classe consiste nos Theoi (Deuses) que controlavam as forças da natureza e as artes outorgadas à humanidade civilizada:

THEOI OURANIOI (Deuses do Céu). THEOI HALIOI (Deuses do Mar). THEOI KHTHONIOI (Deuses do Inframundo). THEOI GEORGIKOI (Deuses da Agricultura). THEOI NOMIOI (Deuses Rústicos). THEOI POLIKOI (Deuses da Cidade). THEOI OLYMPIKOI (Deuses do Olimpos). THEOI TITANES (Deuses Titan). APOTHEOTHENAI (Mortais Deificado).

A quinta foram os 12 deuses do Olimpos, que regem o universo e ordenam as legiões dos deuses e espíritos menores. Eram, a saber: Zeus, Hera, Posseidon, Deméter, Ártemis, Apollon, Ares, Athena, Aphrodite, Hephaistos, Hermes, Dionysios, e Hestia. A sexto era dos Astrothesiai, espíritos imortais das Constelações que circulam o céu. Cada constelação, incluídos os doze signos do Zodíaco, estava em posse de uma ou mais bebidas espirituosas. A sétima consistia em monstros fabulosos e homens gigantescos, nos mitos eram criaturas semi-divinas, estreitamente relacionadas com os deuses. Chamados Theres e Gigantes. A oitava foram os Hemitheoi Heroi, Heróis semi-divinos, que depois da morte eram adorados como divindades menores. Entre eles os grandes heróis como Akhilleus, Teseus e Perseus; heroínas como Alkmene e Helena; e os reis fundadores como Kerkrops, Erikhthonios, Kadmos e Pelops. Havia muitas divindades do panteão grego, que caiam em mais de uma destas categorias.

PROTOGONOI Os deuses primordiais da mitologia grega, também chamados Protogonoi (em grego Πρωτογονοι ou Πρωτογενοι, "nascido primeiro", "primordial") eram as divindades que nasceram em primeiro lugar, que surgiram no momento da criação, e cujas formas constituem a estrutura básica do universo. O primeiro deles surgiu do nada, e os outros nasceram dele.

EURÍNOME Eurínome (em grego Ευρυνομη, “amplo governo” Seu nome deriva das palavras gregas eurys , "amplo", e nomos “dominante” ou nomia "pasto") foi à princípio o protótipo da Deusa Criadora grega e a mais importante divindade dos pelasgoi, o povo que ocupou a região da Grécia em tempos pré-históricos antes da invasão jônica e dórica. Seu nome quer dizer algo como "aquela que governa de longe", e seu culto se espalhou por todo o Mediterrâneo, servindo de base para a maioria das Religiões da área. Ela está associada ao mar e dentre os títulos atribuídos a ela, alguns são a Grande Deusa, Mãe Primordial, a Criadora do Universo, a Governante, Deusa do Universo, Deusa de Tudo, e Aquela Que Se Move Na Eternidade. Na Suméria ela era conhecida como Iahu 'Anat, que significa "pomba sublime". Eurínome tinha um templo na cidade de Pigalia na Arkádia de difícil acesso que era aberto apenas uma vez por ano para realizar sacrifícios públicos e privados. Se peregrinos penetrassem no santuário, iriam encontrar a imagem da Deusa como uma mulher com um rabo de serpente, presa com correntes de ouro. Nesta forma, Eurínome do Mar era considerada a mãe de todos os prazeres. A lenda de Eurínome retrata bem a humanidade no período Paleolítico, quando o ato sexual ainda não era associado à gravidez e as culturas humanas não tinham conhecimento sobre o papel reprodutor do homem. As mulheres creditavam que geravam os bebês por si próprias, e ser picada por alguns insetos, comer determinado alimento ou se expor ao vento norte ou ao orvalho eram associações à gravidez. Em seu mito, Eurínome é o reflexo dessa crença, pois a partir do vento criou tudo o que existe no planeta, o que prova que é uma Deusa extremamente antiga. Após a ascensão do patriarcado, Eurínome foi injustamente rebaixada aos status de amante de Zeus, e de Criadora passou a ser considerada apenas uma Titânide filha de Okeanos e Tétis. Eurínome se tornou a deusa Titânide da água, dos prados e pastos, e uma das maiores Okeanides. Ela era a terceira esposa de Zeus, que lhe deu a Kharites, três deusas da graça e da beleza. Eurínome foi também a deusa do rio Neda, na Arcádia, e a mãe de Asopos, um riacho próximo. Quando Hephaistos foi lançado do Olimpos por Hera, Eurínome e Tétis o recolheram no fundo do mar. Com o nome de Eurínome se adorava a Ártemis, o que deixa a hipótese de que se fundiram em um os cultos a Ártemis e da Oceânide. Todavia, mesmo na versão patriarcal da mitologia Grega, Eurínome e seu consorte Ophíon reinaram no monte Olimpos sobre os Titanes antes da revolta de Kronos, mas quando este derrotou seu pai, Eurínome foi vencida por Réia e lançada às profundezas de Okeanos. Por ser a Deusa do Universo, é dito que dificilmente Eurínome concede um pedido específico, porém quando o faz, suas bênçãos são eternas e acompanham a venturosa pessoa por todas as encarnações. Sua lenda é um dos mais antigos mitos da Criação existente desde que o homem inventou a escrita. Eurínome é a Mãe Primordial dos Deuses e a Criadora do Universo, que governou o Olimpos antes da chegada do patriarcado e do reinado dos Deuses masculinos.

OFÍON Na mitologia grega, Ophíon (em grego antigo Όφίων, "serpente"), também chamado Ophioneos, governou o mundo junto com Eurínome até serem derrotados por Kronos e Réia, que lhes arremessaram ao Okeanos. Há poucas informações sobre essa divindade grega. A referência mais antiga que se conhece é o Heptamychia de Ferékides de Siros (século VI a. C.). A história era aparentemente popular na poesia órfica, da qual só se conservam fragmentos. Em suas Argonáuticas, Apolônio de Rodas resume uma canção de Orpheus: "Cantava como a terra, o céu e o mar, uma vez misturados em uma única forma, foram separados uns dos outros após uma disputa mortal, e como as estrelas e a lua e os caminhos do sol não mantiveram seu lugar fixo no céu, e como as montanhas se elevaram, e como os estrepitosos rios com suas Nymphes foram criados, com todos os seres vivos. E cantava como em primeiro lugar Ophíon e Eurínome, filha de Okeanos, tiveram o domínio do nevado Olimpos, como pela força cederam seu lugar a Kronos e a Réia, e como caíram as ondas de Okeanos; mas os outros dois governavam então sobre os benditos Titanes, enquanto Zeus, todavia pequeno e com os pensamentos de um bebê, morava na cova Diktéia, e os Kikhlopes nascidos da terra ainda não lhe haviam armado com o raio, o trovão e o relâmpago, pois estas coisas dariam fama a Zeus." Também se menciona o nascimento de Ophioneos, assim como uma batalha entre deuses com Kronos em um bando e Ophioneos e seus filhos no outro, aonde ao final se chegava a um acordo que, no entanto empurrava a este segundo bando ao Okeanos e outorgava ao primeiro o céu. Em suas Praeparatio Eusébios de Cesarea cita a Filón de Biblos ao afirma que Ferékides tomou a Ophíon e aos Ophionidas dos fenícios. Likophrón narra que a mãe de Zeus, ou seja Réia, era destra na luta e lançou ao Okeanos a anterior rainha Eurínome. Em suas Dionisíacas Nonos fez com que Réia dissesse: Irei aos mesmos confins de Okeanos e compartilharei o lar da primordial Tetis; daí passarei a casa de Eurínome e viverei com Ophion. Ophion é mencionado outra vez por Nonos: Junto ao muro orácular vimos a primeira tabuleta, antiga como o infinito passado, contendo todas as coisas em uma: sobre ela estava tudo o que Ophion senhor supremo havia feito, tudo o que o antigo Kronos conquistou. Em seu livro, Os mitos gregos, Robert Graves tentou reconstruir um mito da criação pelasgo que incluía a Ophíon como uma serpente criada por uma deusa suprema chamada Eurínome, dançando sobre as ondas. Esta era fertilizada pela serpente e com a forma de uma pomba põe um ovo sobre as águas em torno do qual Ophíon se entrelaçava para chocá-lo até que finalmente o mundo saiu dele. Então Ophíon e Eurínome moravam no mundo sobre o monte Olimpos até que a presunção de Ophíon levou Eurínome a arremessá-lo na escuridão abaixo da terra.

THESIS Na mitologia grega, Thesis (em grego antigo Θεσις, “criação”) era a Theai Protogonoi da criação, identificando-se com Phusis (“a Natureza”). Era a forma primogênita da Nereide Tétis, a embaralhada mistura de elementos da qual nasceu toda a criação, ou da Okeânide Métis, a deusa que foi devorada por Zeus, si bem que as características de ambas as divindades vão se afastando do conceito de primeira criação. Não teve progenitores e surgiu no começo do universo junto de seu consorte Hydros. Segundo a tradição órfica, foi mãe de Khronos e Ananke com Hydros, e por si própria de Poros, Penia e Tekmor. Thesis só aparece nas teogonias mais antigas, pois os órficos a descartaram, junto a Khronos e Ananke, para introduzir a Phanes, o Theos Protogonos.

HYDROS Na mitologia grega, Hydros (em grego Ύδρος e em latim Hydrus, “água”) era o Theoi Protogonoi das águas, da mesma forma que Thesis era a Theai Protogonoi da criação. Hydros era essencialmente idêntico a Okeanos, o rio que circundava a Terra, igualmente Thesis a respeito de Tétis. Na poesia órfica Hydros foi o primeiro a surgir no momento da criação ao lado de Thesis (“a criação”). Dessa união com Hydros produziu Khronos (“o tempo”) e Ananke (“Destino”). Estes dois por sua vez deram início à ordem no universo, o Khosmos. Khronos e Ananke dividiram e ordenaram os elementos primordiais: Skotos (“as trevas”), Melana (“a lua”), Ama (“o dia”) e Marmarugas (“as centelhas de luz”) que juntos formavam a sustentabilidade do mundo para criar Phanes (“a luz”). Os órficos posteriormente descartaram as figuras de Khronos e Ananke, e fizeram de Phanes o primogênito de Hydros e Thesis.


POROS Poros (em grego Πόρος, “conveniência”, “meios”, “artifícios”) era, na mitologia grega, o Daimon que personificava a oportunidade, a conveniência, os meios para conseguir algo e a utilidade. Por tanto, sua Daimon oposta seria Aporia, a dificuldade. Em algumas teogonias Poros (como causa ou autor) e Thesis (como criação) foram às primeiras divindades que nasceram no universo. Neste sentido Poros se identificaria com Khronos (“o tempo”). A versão órfica afirma que Poros e seu irmão Tekmor nasceram de Thesis (“a criação”). Platon recolhe uma tradição posterior na qual esta deusa se identifica com Métis, o poder da geração, e com o nome de Thesis-Metis a faz mãe de Poros e de Penia (“a pobreza”), narrando à continuação uma romântica versão de como nasceu o amor:  Quando nasceu Aphrodite, os deuses banquetearam, e entre eles estava Poros (o conveniente), filho de Métis. Depois de terem comido, chegou Penia (a pobreza) para mendigar, porque tinha sido um grande banquete, e ela estava perto da porta. Aconteceu que Poros, embriagado de néktar, dado que ainda não havia vinho, entrou nos jardins de Zeus e, pesado como estava, adormeceu. Penia, então, pela carência em que se encontrava de tudo o que tem Poros, e cogitando ter um filho de Poros, dormiu com ele e concebeu Eros. Por isso, Eros tornou-se seguidor e ministro de Aphrodite, porque foi gerado durante as suas festas natalícias; e também era por natureza amante da beleza, porque Aphrodite também era bela. Em muitas ocasiões se reveste de pobreza como sua mãe e vaga pelas ruas. Como seu padre, atenta contra a riqueza e o bem-estar, fazendo com que os homens pelejem uns contra os outros.  Pois que Eros é filho de Penia e Poros, eis qual é a sua condição. É sempre pobre não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sujo, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se, descansa dormindo ao ar livre sob as estrelas, nos caminhos e junto às portas. Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos. Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico.

APORIA Na mitologia grega, Aporia (em grego Απορια, “falta de meios”, “dificuldade”) era a Daimon que personificava a dificuldade, a perplexidade, a impotência e a falta de meios. Companheira de Penia (a fome), Ptokhenia (a mendicidade) e Amekhania (desamparo) com a qual estava estreitamente associada. Seu Daimon oposto é Poros (conveniência).

PENIA Na mitologia grega Penia (em grego Πενια e em latim Egestes o Paupertas, “pobreza”) é a Daimon da pobreza e da necessidade, sendo, portanto odiada e marginalizada por todos os homens, na mitologia romana é chamada de Egestes ou Paupertas. Alguns autores clássicos dão como pais de Eros, o Amor, a deusa Penia e Poros. Era companheira de Aporia (dificuldade), Amekhania (“o desamparo”) e Ptokhenia (“a mendicidade”), sendo logicamente suas Daimones opostas Plouto (“a riqueza”) e Euthenia (“a prosperidade”). A única filiação que se conhece a dariam os órficos, que diziam que nasceu da Theai protogonos Thesis, dando a entender, pois, a antiguidade da pobreza. Platon em O Banquete, narra uma romântica versão de como nasceu o amor:  Quando nasceu Aphrodite, os deuses banquetearam, e entre eles estava Poros (o conveniente), filho de Métis. Depois de terem comido, chegou Penia (a pobreza) para mendigar, porque tinha sido um grande banquete, e ela estava perto da porta. Aconteceu que Poros, embriagado de néktar, dado que ainda não havia vinho, entrou nos jardins de Zeus e, pesado como estava, adormeceu. Penia, então, pela carência em que se encontrava de tudo o que tem Poros, e cogitando ter um filho de Poros, dormiu com ele e concebeu Eros. Por isso, Eros tornou-se seguidor e ministro de Aphrodite, porque foi gerado durante as suas festas natalícias; e também era por natureza amante da beleza, porque Aphrodite também era bela. Em muitas ocasiões se reveste de pobreza como sua mãe e vaga pelas ruas. Como seu padre, atenta contra a riqueza e o bem-estar, fazendo com que os homens pelejem uns contra os outros.  Pois que Eros é filho de Penia e Poros, eis qual é a sua condição. É sempre pobre não é de maneira alguma delicado e belo como geralmente se crê; mas sujo, hirsuto, descalço, sem teto. Deita-se sempre por terra e não possui nada para cobrir-se, descansa dormindo ao ar livre sob as estrelas, nos caminhos e junto às portas. Enfim, mostra claramente a natureza da sua mãe, andando sempre acompanhado da pobreza. Ao invés, da parte do pai, Eros está sempre à espreita dos belos de corpo e de alma, com sagazes ardis. É corajoso, audaz e constante. Eros é um caçador temível, astucioso, sempre armando intrigas. Gosta de invenções e é cheio de expediente para consegui-las. É filósofo o tempo todo, encantador poderoso, fazedor de filtros, sofista. Sua natureza não é nem mortal nem imortal; no mesmo dia, em um momento, quando tudo lhe sucede bem, floresce bem vivo e, no momento seguinte, morre; mas depois retorna à vida, graças à natureza paterna. Mas tudo o que consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos. Em suma, Eros nunca é totalmente pobre nem totalmente rico.

AMEKHANIA Na mitologia grega, Amekhania (em grego Αμηχανια ou em latim Amechania, “desamparo”, “falta de meios”) era a Daimon que personificava a impotência, o desamparo e a falta de meios. Ela é companheira de Penia (a pobreza) e Ptokhenia (mendicidade). Amekhania era praticamente idêntica a Aporia (dificuldad).

PTOKHENIA Na mitologia grega Ptokhenia (em grego Πτωχεια ou em latim Ptochea, "mendicidade") era a Daimon que personificava a mendicidade. Ella é companheira de Aporia (dificuldade), Penia (pobreza) e Amekhania (falta de recursos). Suas Daimones opostas são Plouto (Riqueza) e Euthenia (Prosperidade).

EUTHENIA Na mitologia grega Euthenia (em grego Ευθηνια e em latim Euthenia, "prosperidade") era a Daimon que personificava a prosperidade e a abundância. Sua Daimon oposta e Penia (pobreza). Ela e suas irmãs Eukleia (Boa reputação), Eupheme (Aclamação) e Philophrosyne (cordialidade) foram provavelmente às deusas conhecidas coletivamente como as mais jovens Kharites (Graças).

EUKLEIA Na mitologia grega, Eukleia (em grego Ευκλεια e em latim Eucleia) era a deusa ou Daimon da boa reputação, da honra e da glória. Ela e suas irmãs, Eupheme (Aclamação), Euthenia (Prosperidade) e Philophrosyne (amabilidade) foram provavelmente às deusas conhecidas coletivamente como as mais jovens Kharites (Graças). Nas pinturas dos vasos gregos Eukleia é com freqüência representada entre os assistentes da deusa Aphrodite, onde representa a boa reputação de uma noiva casta. Era às vezes identificada com Ártemis.

EUPHEME Na mitologia grega, Eupheme (em grego Ευφημη e em latim Eupheme, "aclamação") era a Daimon das palavras de bom augúrio, da aclamação, dos elogios, dos aplausos e dos gritos de triunfo. Seu Daimon oposto se Momos (Crítica). Ela e suas irmãs Eukleia (Buena reputación), Euthenia (Prosperidade) e Philophrosyne (Amabilidade) foram provavelmente as deusas conhecidas coletivamente como as mais jovens Kharites (Graças).

PHILOPHROSYNE Na mitologia grega, Philophrosyne (em grego Φιλοφροσυνη e em latim Philophrosyne, "amabilidade", "bondade") era a Daimon da amizade, da bondade e da recepção. Ela e suas irmãs Eukleia (Boa Reputação), Euthenia (Prosperidade) e Eupheme (Aclamação) foram provavelmente às deusas conhecidas coletivamente como as mais jovens Kharites (Graças).

TEKMOR Na mitologia grega Tekmor (em grego Τέκμωρ, “baliza”, “poste de meta”) era um dos Theoi Protogonoi, ou seja, nascidos no princípio do universo. Segundo Alkman representava o fim das coisas, e era filho de Thesis, personagem que mais tarde adquiriria os atributos de Tétis. Tekmor nasceria depois de seu irmão Poros, que representava o início das coisas e o modo de obter o que se deseja. Assim, em um primeiro momento só estariam Thesis, o poder criador, que usaria a seus dois filhos Poros e Tekmor para regular o mundo que criará, dotando a todos os entes de um início e um fim. O poder demiurgo dos três deuses começou a dar seu fruto gerando outros entes que dariam forma ao universo, que até então era uma massa informe da qual nada se distinguia. O primeiro a nascer após eles seria Amar (o dia), e mais tarde viriam Skotos (a escuridão), Melana (a Lua) e Marmarugas (as centelhas de luz).

KHRONOS Na mitologia grega, Khronos (em grego Χρόνος, que significa “tempo”; em latim Chronus) era a personificação do tempo, segundo se diz nas obras filosóficas pré-socráticas. Também era habitual chamar-lhe Aión (em grego Αίών, “tempo eterno”). De acordo com a teogonia órfica, Khronos surgiu no princípio dos tempos, era filho de Hydros (o Okeanos primogênito) e Thesis (a primogênita Tethys). Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira Ananke (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogênito separando-o, formando então o Universo ordenado com a Terra, o mar e o céu, era pai de Phanes. Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sobre a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancas, embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens. Khronos era o deus das Idades (desde a Dourada até a de Bronze). Nos mosaicos greco-romanos era representado como um homem girando a roda zodiacal. Uma das representações mais bizarras de Khronos é a de um homem que devora o seu próprio filho, num ato de canibalismo difícil de compreender na atualidade. No entanto, esta representação deve-se ao fato de os antigos gregos tomarem Khronos como o criador do tempo, logo, de tudo o que existe e possa ser relatado, a exemplo do Deus único e criador dos cristãos, judeus e muçulmanos, sendo que, por este fato, se consideravam como filhos de Khronos, e uma vez que é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) pelo tempo. Uma explicação possível para esta representação é a confusão com Kronos (Κρόνος), rei dos Titanes e deus do tempo “humano” (do calendário, das estações e das colheitas), que comeu os seus filhos para que não se rebelassem contra ele e lhe tomassem o poder da Terra como ele fez com o seu pai, Ouranos. Os romanos chamaram-lhe Saturno e por isso, o planeta que atualmente é conhecido com este nome, foi outrora chamado "Khronos" pelos astrônomos gregos. Era a divindade celeste mais distante, considerada como sendo o sétimo dos sete objetos divinos visíveis a olho nu. Uma vez que têm a maior translação observável no céu (cerca de 30 anos), os astrônomos gregos e romanos julgaram tratar-se do guardião dos tempos, ou "Pai do Tempo", uma vez que não havia conhecimento de nenhum outro objeto com maior período repetitivo (translação). Foi precisamente esta característica astronômica que levou os eruditos das artes a representar a sua figura como um homem de idade com longos cabelos e barbas brancas, tal como mencionado acima. Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: khronos e kairos. Enquanto khronos refere-se ao tempo cronológico, ou seqüencial, que pode ser medido, kairos refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece, em Teologia, é "o tempo de Deus".

KAIROS Na mitologia grega, Kairos (καιρός, “o momento certo” ou “oportuno”) é filho de Khronos, é o deus do tempo e das estações. Ao tempo existencial os gregos denominavam Kairos e acreditavam nele para enfrentar ao cruel tirano Khronos. Na filosofia grega e romana é a experiência do momento oportuno. Os pitagóricos lhe chamavam Oportunidade. Kairos é o tempo em potencial, tempo eterno, enquanto que Khronos é a duração de um movimento, uma criação. Habitualmente era considerado filho menor de Zeus e Tyhe, mas na genealogia dos deuses Kairos parece estar associado a todos eles como manifestação de um ou outro: Kairos, além de filho de Zeus, pode ser o mesmo Zeus; Kairos pode ser Kronos (Tempo), mas também Aevum (Eternidade); Kairos é Athena (Inteligência) e também Eros (Amor); incluso Dionísios pode ser Kairos. Na estrutura temporal da civilização moderna, geralmente se empregar uma só palavra para significar o "tempo". Os gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: khronos e kairos. Enquanto o primeiro refere-se ao tempo cronológico, ou seqüencial, o tempo que se mede, esse último é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece, a experiência do momento oportuno. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o "tempo de Deus", enquanto khronos é de natureza quantitativa, o "tempo dos homens". Na teologia cristã, em síntese pode-se dizer que khronos, é o “tempo humano”, é medido em anos, dias, horas e suas divisões. Enquanto o termo kairos, que descreve "o tempo de Deus", não pode ser medido, pois "para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia." No monoteísmo, Kairos e Aevum passam a ser atributos do Deus único, recolhendo idéias precedentes da filosofia clássica grega.

ANANKE Na mitologia grega, Ananke (em grego Αυάγκη ou Ανάνκαιη) era a mãe das Moirai e a personificação do destino inevitável, necessidade e do fato inalterável. Em Roma, ela se chamava Necessitas ("necessidade"). Surgiu do nada no princípio dos tempos formada por si mesma como um ser incorpóreo e serpentino cujos braços estendidos abraçavam todo o universo. Desde sua aparição Ananke esteve entrelaçada com seu companheiro, o deus do tempo Khronos. Juntos rodearam o ovo primogênito de matéria sólida em seu enlace constritivo e o dividiram em suas partes constituintes (terra, céu e mar), provocando assim a criação do universo ordenado. Ananke e Khronos permaneceram eternamente entrelaçados como as forças do destino e do tempo que rodeiam o universo, guiando a rotação dos céus e o interminável passo do tempo. Ambos estavam muito longe do alcance dos deuses mais jovens, cujos destinos dizia-se que controlavam. Ananke era raramente adorada até a criação da religião órfica. Na tradição órfica se dizia que era filha de Hydros (o Okeanos primogênito) e Thesis (a primogênita Tethys) e mãe com Khronos de Phanes.

PHANES Na mitologia grega Phanes (em grego antigo Φανης, “luz”) é um deus nascido do ovo cósmico que dividiram Khronos e Ananke, e a divindade primogênita da procriação e da geração de nova vida. Com freqüência se equipara ao mais antigo Eros, que servia a mesma função na Teogonia de Hesíodos. Também recebia os nomes de Erikapeos e Protogonos. Phanes era o governante dos deuses, e cedeu o cetro de seu reinado a Nix, sua única filha (segundo a tradição órfica), que por sua vez o deu a seu filho Ouranos. O cetro lhe foi arrebatado pela força por seu filho Kronos, que por sua vez o perdeu a favor de Zeus, o governante final do universo. Diz-se que Zeus devorou a Phanes para apoderar-se de seu poder primogênito sobre toda a criação e repartir-lo entre uma nova geração de deuses: os Theoi Olímpikoi. Phanes aparecia como uma formosa divindade de asas douradas, mas era incorpórea por natureza e invisível incluso entre os deuses. Representam-lhe como uma divindade hermafrodita surgindo de um ovo cósmico. Uma serpente se enrosca ao redor de seu corpo e há uma lua crescente com pontas saindo desde detrás de seus ombros e um sol sobre sua cabeça. Três cabeças de animais cruzam seu corpo em seu peito: leão, cabra e touro. Ao redor de todo isto está o círculo dos signos zodiacais. Nas esquinas se situam os quatro deuses gregos dos ventos. Foi equiparado a Phanes com o nascimento da luz cósmica, e às vezes com a própria consciência primordial surgindo do amanhecer dos tempos.

PHUSIS Na mitologia grega, Phusis (em grego antigo Φυσις, “natureza”) também era chamada Protogenéia (Πρωτογενεια, “a primeira”), era a divindade primordial da natureza e um dos primeiros seres a surgir no princípio dos tempos. Os romanos a chamaram Natura. Lhe atribuíam ambos os sexos, e em ocasiões a identificavam com Gaia (a Mãe Terra), com Eros (o desejo sexual) ou com Phanes e Thesis (como deusas criadoras).