No mundo moderno, Poesia tornou-se cada vez mais relevante em diversas áreas da sociedade. Seja na esfera cultural, científica, tecnológica ou social, Poesia tornou-se um tema de grande interesse e debate. O seu impacto não só tem sido palpável no quotidiano das pessoas, mas também marcou um antes e um depois na forma como as organizações e empresas operam. Neste artigo exploraremos o impacto de Poesia em diferentes contextos, analisando as implicações que tem tido na sociedade e oferecendo uma reflexão sobre a sua relevância no presente e no futuro.
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A poesia é um gênero literário e uma forma de linguagem, geralmente expressa em poemas e canções, utilizando versos, estrofes, metáforas e rimas.[1][2] Seu conceito é tema de debate recorrente na filosofia,[3] na teoria da arte e na teoria literária,[4] sendo o termo empregado tanto para designar uma forma de linguagem quanto uma atividade estética.[5]
A poesia surgiu antes da escrita,[6] e deixou seu primeiro registro escrito na Epopeia de Gilgamesh.[7] Ao longo da história, assumiu diferentes formas e funções, geralmente para expressar sentimentos, ideias ou narrar histórias.[8] Alguns poetas se tornaram influentes na cultura de seus países, como Homero,[9] Virgílio,[10] Horácio[11], Camões,[12] Shakespeare,[13] Gonçalves Dias,[14] Olavo Bilac[15] e Fernando Pessoa,[16] muitos dos quais permanecem influentes na cultura até hoje.[17]
A poesia é a forma literária mais antiga, antecedendo a própria escrita. Suas origens remontam às sociedades orais da Antiguidade, onde os versos eram usados para transmitir memórias, ensinamentos e valores culturais. Exemplos marcantes incluem a Epopeia de Gilgamesh na Mesopotâmia e os poemas homéricos na Grécia, que narravam feitos heroicos e serviam como registros históricos e mitológicos.[18]
Na Antiguidade clássica, a poesia assumiu diferentes funções: hinos religiosos, poemas líricos, elegias e sátiras eram formas de expressão amplamente difundidas.[19] Poetas como Homero e Virgílio estabeleceram padrões de métrica, ritmo e temática que influenciaram toda a tradição literária ocidental.[20][21]

Durante a Idade Média, a poesia se diversificou segundo contextos culturais e linguísticos. Surgiram cantigas líricas e épicas, muitas vezes ligadas à religião, à corte ou à vida popular, transmitidas oralmente ou em manuscritos iluminados. No Renascimento, a poesia valorizou o humanismo, a musicalidade dos versos e a expressão individual, destacando-se autores como Luís de Camões em Portugal e Shakespeare na Inglaterra.[22]
No século XIX, movimentos literários como o Romantismo e o Realismo trouxeram à poesia uma exploração maior dos sentimentos individuais, da natureza e da crítica social. Poetas buscavam expressar emoções pessoais e reflexões sobre a sociedade, expandindo os limites formais e temáticos da tradição anterior.[23]
No século XX, o Modernismo e as vanguardas romperam com convenções clássicas, experimentando novas formas, linguagens e estruturas. A poesia contemporânea continua essa trajetória de inovação, incorporando múltiplas vozes, técnicas e temas, do lírico ao performativo, e mantendo seu papel central na expressão artística e cultural.[24] Dentre gêneros mais contemporâneos de poesia estão a poesia encontrada e o micropoema.[25]
No século IV a.C., Aristóteles classificou a atividade humana em três modalidades distintas: a theoria, voltada à busca do conhecimento verdadeiro; a práxis, relacionada à ação prática para a solução de problemas; e a poiesis, expressão do impulso humano de criar, guiado pela imaginação e pelos sentimentos.[26] Do ponto de vista de Aristóteles, a poesia é considerada uma das formas de manifestação da alma humana.[27]
Nesse sentido, a poesia seria a tendência humana para criar algo a partir da imaginação, relacionando-se diretamente ao processo de mimese.[28] Com o passar do tempo, porém, o termo perdeu esse sentido e se concentrou especificamente em uma atividade de expressão artística feita a partir da língua. Atualmente, os estudiosos que trabalham esse conceito pensam na poesia ora como uma forma de linguagem ora como um gênero literário. Há ainda alguns, como o filósofo Jean-Luc Nancy, que definem a poesia como uma forma de discurso em geral.[29]
Nos tempos modernos, o semiólogo e linguista Roman Jakobson, um dos principais expoentes do formalismo russo, caracterizou a poesia como "a linguagem em sua função estética".[30] Segundo ele, esse processo se concretiza pelo emprego da função poética, que "consiste na projeção do eixo da seleção sobre o eixo da combinação dos elementos linguísticos",[31] ou seja, ocorre quando, em um texto, tantos os significantes (fonemas, morfemas e palavras) quantos os significados adquirem fundamental importância para a comunicação. De acordo com Viktor Chklovsky, outro grande expoente do formalismo russo, a linguagem poética aumenta o esforço perceptivo, implica estranhamento e caracteriza a literariedade, de maneira que a poesia seria, assim, o meio pelo qual se produz arte e literatura a partir da língua.[32]
Há uma série de artifícios que podem ser empregados para poetizar a linguagem, como ritmo prosódico, rimas e tropos. Segundo o poeta e crítico literário Ezra Pound, em seu livro ABC da Literatura, esse processo de poetização — que, em suas palavras, tem o objetivo de "carregar a linguagem de significado até o máximo grau possível" — dispõe de três meios principais: a melopeia, que consiste na produção de "correlações emocionais por intermédio do som e do ritmo da fala"; a fanopeia, que consiste na projeção de imagens na imaginação visual do leitor; e a logopeia, que consiste no estímulo de "associações (intelectuais ou emocionais)" a partir das "palavras ou grupos de palavras efetivamente empregados".[33][34]
O ritmo prosódico consiste, segundo Plínio A. Barbosa, na "conjugação da percepção de regularidade silábica e de alternância de sílabas fortes e fracas" e contribui para a melopeia. A regularidade silábica decorre do isossilabismo, popularmente conhecido como métrica, que se baseia na produção de versos ou frases com o mesmo número de sílabas prosódicas. Quando os enunciados não são isossilábicos, eles recebem o nome de verso livre.[35]
Já a alternância silábica, também chamada de cadência ou apenas de ritmo, decorre da divisão dos versos ou frases em pés métricos, que são conjuntos binários ou ternários de sílabas dominados por uma sílaba forte. Caso os pés métricos sejam os mesmos ao longo do enunciado, o ritmo é regular, caso contrário, é irregular.
Por exemplo, o crítico literário Antonio Candido observa que o poema Meu sonho, de Álvares de Azevedo, apresenta, em cada verso, três anapestos (pé métrico formado por duas sílabas fracas e uma forte), de maneira a simular o cavalgar de um cavalo, em referência ao tema do poema.[36]
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| Ca | va | lei | ro | das | ar | mas | es | cu | ras |
| On | de | vais | pe | las | tre | vas | im | pu | ras |
| Com | a es | pa | da | san | gren | ta | na | mão | - |
O emprego de figuras de sonoridade ao longo do texto - particularmente a aliteração, a assonância e a rima - contribui para a melopeia. "Os sons da língua", segundo Ana Maria Wendler e Márcia Zan Vieira, "podem provocar-nos uma sensação de agrado ou desagrado e ainda sugerir ideias, impressões".[37] Essas figuras, ainda, podem servir para estruturar o texto. Por exemplo, "as rimas", segundo Ezra Pound, "podem ser usadas para distribuir os sons por zonas", como acontece no soneto Último credo, de Augusto dos Anjos, onde, segundo Renira Lisboa de Moura Lima, as rimas marcam o início e o fim de cada estrofe: nos quartetos, as rimas femininas orais indicam o começo e o término e abraçam as rimas masculinas nasais; e, nos tercetos, as rimas femininas nasais marcam o início e as rimas masculinas orais marcam o fim, em uma transformação que indica a transição do esquema de estrofes.[38]
Os tropos, segundo Fiorin, são figuras de linguagem onde "um sentido literal de um termo é substituído por um sentido figurado", a exemplo da metáfora, da metonímia e da hipérbole, e contribuem para a fanopeia. Por exemplo, no poema Todas as vidas, de Cora Coralina, Kênia Cristina Borges Dias observa que a autora emprega diversas metáforas para caracterizar cada vivência que teve, como ao afirmar que é "casca-grossa", comparando-se a uma árvore para indicar a firmeza de sua identidade.[39]
Figuras de linguagem que envolvem alterações na estrutura sintática dos enunciados também podem contribuir para a fanopeia. Por exemplo, Fiorin observa que inversões sintáticas como anástrofes, hipérbatos e sínquises produzem "uma intensificação do sentido, pois um termo é alçado a uma posição de proeminência", como acontece no Hino Nacional Brasileiro, onde "o sintagma povo heroico ganha destaque em relação a brado retumbante" e "Ipiranga é realçado em relação a margens plácidas".[40]
Figuras de linguagem que envolvem o jogo de ideias podem contribuir para a logopeia. Por exemplo, Fiorin observa que, na canção Quereres, de Caetano Veloso, "explicita-se", por meio da antítese, "um brilhante jogo de oposições, de contradições, de contraposições, para mostrar as inadequações do amor real, onde nem tudo é métrica e rima, mas também dor".[41]