Hoje em dia, Charlie Hebdo é um tema que tem ganhado grande relevância na sociedade atual. Ao longo do tempo, Charlie Hebdo adquiriu um papel fundamental em diferentes aspectos da vida quotidiana, seja no local de trabalho, no contexto tecnológico, na vida pessoal ou em qualquer outra área. A importância de Charlie Hebdo transcendeu barreiras e preconceitos, tornando-se um tema de interesse geral que requer análise e reflexão. Neste artigo, exploraremos diferentes perspectivas sobre Charlie Hebdo e seu impacto na vida hoje.
Charlie Hebdo | |
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Editor | Gérard Briard |
Categoria | humor gráfico |
Formato | Standard |
Fundação | 1970 (54 anos) |
Idioma | francês |
ISSN | 1240-0068 |
Orientação política | esquerda plural |
charliehebdo.fr |
Charlie Hebdo é uma revista semanal satírica francesa. Ricamente ilustrada, publica crônicas e relatórios sobre a política, a economia e a sociedade francesas, mas também jornalismo investigativo com a publicação de reportagens sobre o estrangeiro ou em áreas como as seitas, a extrema-direita, o cristianismo, o islamismo, o judaísmo, a cultura, entre outros temas. A publicação frequentemente satiriza o Partido Comunista Francês, o catolicismo conservador, a hierarquia judaica e o fundamentalismo islâmico. Publica também ocasionalmente números especiais sem data fixa.
O editorial se define como libertário anarquista, sendo um reduto muitíssimo diversificado do pensamento de esquerda não oficial. De acordo com Charb, a redacção do jornal Charlie Hebdo "reflecte todos os componentes da esquerda plural, e mesmo os abstencionistas". Para Ziraldo o jornal é corajoso na sua forma de fazer humor.
A publicação foi descrita como antirracista, cética, secular, libertária e dentro da tradição do radicalismo de esquerda, publicando artigos sobre a extrema-direita (especialmente o partido nacionalista francês Frente Nacional), religião (catolicismo, islamismo e judaísmo), política e cultura.
Em 1960, George Bernier (1929-2005), mais conhecido como o Professeur Choron e François Cavanna (1923-2014) lançam uma revista mensal satírica intitulada Hara-Kiri de tendência cínica e licenciosa. O Professeur Choron exerce as funções de director de publicação enquanto Cavanna é o editor. Cavanna reuniu uma equipe que incluía Roland Topor, Fred, Reiser, Georges Wolinski, Gébé e Cabu, Sépia (pseudónimo de Cavanna), Siné, etc.
Após uma carta de um leitor acusando o jornal de ser "estúpido e mau" ("bête et méchant"), a frase tornou-se o lema oficial para o jornal: « Hara-Kiri, journal bête et méchant »; todos os mêses, o Professeur Choron apresenta até um jogo "bête et méchant" para os leitores.
O jornal foi brevemente banido em 1961, e novamente por seis meses em 1966 sob a influência de Yvonne de Gaulle, esposa do Presidente da República. Em 1969, a equipe de Hara-Kiri decide produzir uma publicação semanal que trata de acontecimentos actuais. Este é lançado em Fevereiro como Hara-Kiri Hebdo e renomeado L'Hebdo Hara-Kiri em Maio do mesmo ano ('Hebdo "é a abreviação de' hebdomadaire '-' semanal ').
Em Novembro de 1970, após a morte de Charles de Gaulle, Presidente da República francesa (1959-1969), militar e dirigente da Resistência durante a ocupação alemã na época da Segunda Guerra Mundial, L'hebdo Hara-Kiri publica na sua primeira página uma caricatura de um obituário com a seguinte manchete: « Bal tragique à Colombey: 1 mort » (Baile Trágico em Colombey: um morto) em referência a um outro acontecimento do mesmo mês: o incêndio de uma discoteca (Incendie du 5-7) em Saint-Laurent-du-Pont que resultou na morte de 146 pessoas. Em nome do governo francês, o então ministro do Interior, o gaullista conservador Raymond Marcellin, com o aval do Presidente da República Georges Pompidou, também gaullista, proibiu a publicação. No entanto, os cartunistas contornaram a situação lançando um novo jornal: Charlie Hebdo, e nele publicando a tal manchete. Alguns contribuintes não retornaram para o jornal, como Gébé, Cabu, Topor, e Fred. Mas também houve novos membros que incluiu Delfeil de Ton, Pierre Fournier, e Willem.
O novo nome Charlie Hebdo foi derivado de uma revista de história em quadrinhos mensal chamada Charlie Mensuel (Charlie Mensal), que havia sido iniciado por Bernier e Delfeil de Ton (1934-) em 1968. Charlie tomou o nome de Charlie Brown, o personagem principal de Peanuts (um dos quadrinhos publicados originalmente em Charlie Mensuel), e também foi uma piada interna sobre Charles de Gaulle.
As controvérsias entre os fundamentalistas islâmicos e o jornal começaram em 2006, quando o último reproduziu charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten sobre Maomé, publicadas inicialmente em 2005, essas caricaturas provocaram actos de violência por parte de extremistas islâmicos contra as embaixadas Dinamarquesas. Por motivos de segurança, após a publicação a polícia francesa foi mobilizada para proteger a sede da redacção do Charlie Hebdo. Várias organizações muçulmanas, entre elas o Conselho francês do culto muçulmano pediram a proibição da venda do jornal porque além de reproduziram as caricaturas do jornal dinamarquês, também presentava caricaturas dos jornalistas de Charlie Hebdo. A primeira página de Cabu mostra Maomé chorando e que diz: "c'est dur d'être aimé par des cons" (é duro ser amado por estúpidos). Também é o nome de um filme sobre esses acontecimentos realizado por Daniel Lecomte em 2008. Esta solicitação falhou por causa de um vício processual.
Este caso das caricaturas conduz a redacção do Manifesto: Juntos contra o Novo Totalitarismo em Março de 2006 publicado inicialmente por Charlie Hebdo.
Em 2007, uma ação movida por entidades muçulmanas contra o jornal foi arquivada pelo tribunal francês.
Em 2011, houve o primeiro atentado efetivo contra a sede do jornal.
Em 2012 o jornal volta a publicar charges satirizando o profeta Maomé. O governo francês fecha diversas instituições francesas em 20 países, com objetivo de evitar ataques em retaliação as publicações do jornal.
Em 2013 o site do jornal é atacado por hackers no mesmo dia em que uma publicação com história sobre Maomé é lançada em quadrinhos pelo jornal.
Em 2015 um novo e mais violento atentado é novamente perpetrado contra a sede do jornal.
Em novembro de 2011, após publicar uma charge com o profeta Maomé representado como redator chefe ameaçando os leitores, intitulada Charia Hebdo, a publicação foi recebida como um insulto pelo mundo árabe, resultando em polêmica.
Logo em seguida o jornal foi vítima de um atentado, uma bomba incendiária foi lançada contra o escritório do semanário, sem no entanto deixar vítimas.
O semanário contra-atacou, em tom de humor claro, com uma nova publicação em manchete, estampado um muçulmano beijando um cartunista do Hebdo, com a seguinte mensagem junto ao desenho: "O amor é mais forte que o ódio".
No dia 7 de janeiro de 2015, em Paris, o semanário foi alvo de um novo ataque, terroristas fundamentalistas atacaram a sede do Charlie Hebdo, no XI distrito de Paris, supostamente, como forma de protesto mais uma vez contra a edição Sharía Hebdo, que em 2011 (data da publicação) já havia causado tumulto. O atentado resultou em - no mínimo - doze pessoas mortas, entre as quais Charb, Cabu, Honoré, Tignous, e Wolinski (cartunistas do jornal) e mais cinco feridas gravemente.
Das doze vítimas, onze morreram dentro da sede da editora e um do lado de fora. 2 vítimas eram policiais que faziam a guarda do local (incluindo a que foi vitimada do lado de fora da sede).
O presidente francês, François Hollande, descreveu o ocorrido como "ataque terrorista de grande covardia".
No dia seguinte ao ataque, os editores sobreviventes do Charlie Hebdo anunciaram que a publicação continuará, com a edição da semana seguinte do jornal a ser publicado de acordo com o horário habitual, e com uma tiragem de 1 milhão de cópias, significativamente superior ao seu habitual 60 000.
O governo francês concedeu quase € 1 milhão para apoiar a revista. O Fundo de Imprensa Inovação Digital (francês: Fonds Google-AIPG pour l'Innovation Numérique de la presse), parcialmente financiado pela Google, doou € 250 000.