Neste artigo vamos abordar o tema Escola Moderna sob diferentes perspectivas com o objetivo de fornecer uma visão ampla e completa do assunto. Nesta linha exploraremos as diferentes facetas de Escola Moderna, analisando o seu impacto em diversas áreas e oferecendo uma reflexão profunda sobre o seu significado e relevância no contexto atual. Da sua origem à sua evolução, passando pela sua influência na sociedade e pela sua relação com outros temas relevantes, este artigo procura contribuir para o conhecimento e compreensão de Escola Moderna de forma abrangente e enriquecedora.
A Escola Moderna foi um movimento pedagógico progressivo de inspiração anarquista, que deu origem à pedagogia libertária que existiu no início do século XX, surgido inicialmente na Catalunha, inspirado pela filosofia de ensino do pedagogo catalão Francesc Ferrer i Guàrdia.
Fundada em 1901 na cidade de Barcelona por um grupo de ativistas anarquistas, pedagogos e apoiadores entre eles Francesc Ferrer e Anselmo Lorenzo, a escola tinha como objetivo "educar a classe trabalhadora num ambiente racional, laico e não coercivo". Apesar disto, a admissão de estudantes vindos das classes médias foi maior do que das classes baixas. A escola era mantida com um caráter privado que naquele tempo era considerado um princípio para ação revolucionária, os seus estudantes eram motivados a tornarem-se articuladores das classes trabalhadoras.
A Escola Moderna de Barcelona foi fechada no ano de 1906. Posteriormente, em 13 de outubro de 1909, Francesc Ferrer i Guàrdia foi executado pelo Estado espanhol, acusado de ter participação na Semana Trágica de Barcelona.
A partir da execução de Ferrer e da tradução e divulgação das suas ideias acerca da pedagogia em diversos idiomas, coletivos estabelecidos na Argentina, Brasil, Canadá, Cuba, Estados Unidos, França e Inglaterra fundaram centenas de escolas modernas e publicações de periódicos em seus países. Geralmente de caráter experimental, vinculados a sindicatos e jornais libertários, e encontrando grande oposição por parte das autoridades, estes coletivos foram responsáveis pela formação de milhares de crianças num ensino laico, pacífico, racional e libertário, contrapondo-se à tendência dogmática e violenta do ensino tradicional geralmente vinculado a instituições religiosas.
Entre os docentes e apoiadores que fizeram parte das escolas modernas em diferentes países estavam intelectuais e ativistas, que cada qual à sua forma e a seu tempo, tornaram-se referenciais políticos ou científicos para as gerações posteriores. Entre eles destacam-se Emma Goldman, Will Durant, João Penteado, Adelino de Pinho e Oreste Ristori.
Para dar impulso a este movimento reformador, foi criada em 1906 a Liga Internacional para a Instrução Racional da Infância, cujos princípios estatutários estabeleciam:
As Escolas Modernas comumente compreendiam também cursos noturnos para a educação de adultos. Por ser anticlerical e fomentar a solidariedade e a educação livre de autoridade coerciva, os anarquistas foram grandes adeptos deste movimento. Os sindicatos e associações operárias nos quais tinham influência contribuíram ativamente para a fundação de várias Escolas Modernas e cursos para adultos baseados em sua filosofia pedagógica.
Outras escolas que empregaram métodos semelhantes aos da Escola Moderna, no Brasil:
No início dos anos 1920, a fundação do Partido Comunista Brasileiro e a repressão do movimento operário pelo governo de Artur Bernardes atingiu em cheio a base de sustentação das Escolas Modernas, que dependiam primariamente de organizações e militantes anarquistas. Na mesma época (1919), em meio a uma campanha de difamação, as autorizações de funcionamento das Escolas Modernas de São Paulo foram cassadas. Assim a imprensa católica da época (A Gazeta do Povo) descreveu as Escolas Modernas:
todo mundo já sabe que em São Paulo trata-se de fundar uns institutos para a corrupção do operário, nos moldes da Escola Moderna de Barcelona, o ninho de anarquismo de onde saíram os piores bandidos prontos a impôr suas idéias, custasse embora o que custou. Ora, uma tal casa de perversão do povo vai constituir um perigo máximo para São Paulo. E é preciso acrescentar que não somos só nós os católicos que ficaremos expostos à sanha dos irresponsáveis que saíssem da Escola Moderna.
Há, no entanto, vasta informação historiográfica da época confirmando que algumas das escolas modernas e seus educadores continuaram atuando em São Paulo após este período de repressão naquele estado, porém usando nomes como o de Escola Nova, para driblar as autoridades . Além disso, pela cronologia da fundação das escolas modernas no Brasil, acima exposta, nota-se que elas proliferaram em outros estados do Brasil.