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Maria Bonita | |
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Maria Bonita, fotografada em 1936 por Benjamin Abrahão Botto | |
Nome completo | Maria Gomes de Oliveira |
Outros nomes | Maria de Déa Maria do Capitão |
Nascimento | 17 de janeiro de 1910 Santo Antônio de Glória, BA |
Morte | 28 de julho de 1938 (28 anos) Poço Redondo, SE |
Nacionalidade | brasileira |
Estatura | 1,56m |
Cônjuge | Zé de Neném (c. 1925–29) Lampião (c. 1929–38) |
Filho(a)(s) | Expedita Ferreira Nunes |
Ocupação | cangaceira |
Maria Gomes de Oliveira (Santo Antônio de Glória, 17 de janeiro de 1910 – Poço Redondo, 28 de julho de 1938), conhecida como Maria de Déa ou Maria Bonita, foi uma cangaceira brasileira. Era a companheira de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Filha de Maria Joaquina Conceição de Oliveira, conhecida como Dona Déa, e de José Filipe Gomes de Oliveira, Maria nasceu e cresceu em uma família humilde, no povoado de Malhada da Caiçara, que atualmente se localiza no município de Paulo Afonso, na época pertencente ao município de Santo Antônio de Glória, atualmente conhecido como Glória, no sertão baiano.
Aos quinze anos, em um matrimônio arranjado pelas famílias, casou-se com seu primo, o sapateiro Zé de Neném. O relacionamento era conturbado, e Maria sofria em um matrimônio infiel, com constantes agressões do marido alcoólatra. Maria era espancada sempre que contestava as atitudes adúlteras do marido. Por vingança, passou a trair o marido com diversos homens. Um dia, seu matrimônio ruiu de vez, quando Virgulino Ferreira da Silva entrou em sua vida, tendo-se verdadeiramente apaixonado por ele, formando um triângulo amoroso.
Em 1929, ainda casada, tornou-se a amante de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido também como Lampião. Nesse mesmo ano, decidiu fugir com ele, para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, assim se tornando a mulher de Lampião, com quem viveria por nove anos. Entre o bando, Maria começou a ser chamada de Maria da Déa, ou Maria do Capitão, e assim a nova cangaceira aprendeu cada lei do bando.
Conhecida por sua beleza e personalidade forte, diferentemente de todas as outras mulheres do cangaço, Maria nunca foi abusada pelos cangaceiros, e tinha diversas regalias. Andava com vestidos de seda, luvas com estampas florais, sandálias e botas de cano curto. Também usava joias caras, broches, portava moedas de prata e enfeites de ouro decoravam seus cabelos. No pescoço e nos pulsos, usava o mesmo perfume francês que Lampião. Quando estava ao lado do marido nos campos de batalha, vestia botas de couro e roupas de algodão.
Constantemente traída por seu companheiro, Maria tinha diversas crises de ciúmes de Lampião, mas o cangaceiro tratava sua esposa com paciência e carinho. Em 1931, inclusive, os dois viajaram para uma fazenda, a fim de desfrutar da lua de mel que nunca tiveram. Para a jovem cangaceira, no entanto, aquilo não era o suficiente. Diversos relatos afirmam que Maria, por vingança, iniciou um caso extraconjugal com João Maria de Carvalho, um comerciante. Do amante, ela ganhava sapatos, roupas e outros presentes, e Lampião jamais desconfiou, ou Maria pagaria com sua própria vida.
Logo depois de sua lua de mel na fazenda, Maria engravidou. Comprovadamente em 13 de setembro de 1931, ela teve uma filha com Lampião, batizada como Expedita Ferreira Nunes, a única reconhecida legalmente, que sob as regras do cangaço, foi entregue para ser criada por um casal de amigos vaqueiros. Saudosa pela filha perdida, Maria amarrou um pano em seus seios cheios de leite para que eles não vazassem mais.
Existem, porém, dúvidas sobre o parentesco dos supostos gêmeos Arlindo e Ananias Gomes de Oliveira. Ambos até então considerados filhos de Maria Bonita e Lampião. Outras fontes afirmam que eles eram, na verdade, irmãos caçulas de Maria.
Em 28 de julho de 1938, quando os cangaceiros estavam acampados na Grota de Angicos, em Poço Redondo, no Sergipe, o bando foi atacado de surpresa pela polícia armada oficial, conhecida como volante. Eles foram mortos a tiros e posteriormente, degolados. Maria, tentando fugir, foi baleada duas vezes: uma no abdômen e outra nas costas, e logo em seguida foi decapitada viva por José Panta de Godoy, o mesmo que lhe deu os tiros.
A baiana Maria Gomes de Oliveira era chamada desde a infância de Maria de Déa, em referência a sua mãe. Nem a família nem o bando de Lampião a tratavam por Maria Bonita, apelido que só se difundiu após sua morte. Há algumas versões sobre a origem desse nome. Uma delas diz que se tratou de invenção dos repórteres dos jornais do Rio de Janeiro, possivelmente inspirados no filme Maria Bonita, lançado em 1937 e baseado na obra de mesmo nome de Afrânio Peixoto, de 1921. Outra, que teria sido dado por soldados que se impressionaram com a beleza da cangaceira quando ela foi morta em 28 de julho de 1938.
Em 2006 a Prefeitura de Paulo Afonso restaurou a casa de infância de Maria Bonita, instalando o Museu Casa de Maria Bonita no local.